Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Novembro da Resistência

​Políticas afirmativas ajudam a formar geração de intelectuais negros

Linha fina
Reportagem do jornal O Globo mostra perfis de jovens de rica produção acadêmica e intelectual que ingressaram no ensino superior graças às cotas, ao Prouni e ao FIES
Imagem Destaque
Foto: Divulgação

Reportagem publicada no sábado 10 pelo jornal O Globo (leia aqui na íntegra) mostra uma nova geração de intelectuais negros que vem apresentando diferentes produções acadêmicas e culturais. Os autores são os primeiros de suas famílias, e até mesmo de seus bairros, a entrarem para a universidade, graças às políticas afirmativas dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, como as cotas, o Prouni e o Fies.

O grupo, segundo a reportagem, está no centro de debates em eventos culturais realizados no Rio de Janeiro neste mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20). Já em São Paulo, a programação especial do Sindicato, intitulada Novembro da Resistência, além da Consciência Negra, debaterá o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25), em palestras, MBs especiais (programa de webtv produzido pela TVB), Marcha da Consciência Negra (dia 20, com concentração às 9h30 no vão do Masp), além da produção de série de reportagens sobre os temas ao longo do mês.

> Debate sobre Igualdade Racial é destaque no MB desta quarta, 14

No Rio de Janeiro, a Feira Literária das Periferias (Flup), por meio da mesa “Primeira pessoa”, reuniu no domingo 11 alguns destes autores. É o caso da escritora Ana Paula Lisboa (uma das autoras da coletânea “Olhos de azeviche”). Cursando graduação em Letras em uma faculdade particular, onde ingressou via Prouni, ela foi a primeira de sua família a entrar em uma universidade.

Ana Paula lembra que quando morava no Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, e contou para sua avó que queria ser escritora, ouviu que não poderia “deixar a vida levar” e que seria necessário arrumar um emprego fixo. Foi isso que a levou ao jornalismo. Hoje, ela conta feliz que 70% de seu orçamento vêm do trabalho como escritora.

Também primeira de sua família a cursar o ensino superior, Tatiana Brandão conta que não teria conseguido o diploma se não fossem as cotas. Hoje ela é consultora em desenvolvimento de liderança e, entre outras iniciativas, destaca seu trabalho na Aasplande e na Educafro.

Tatiana vai participar tanto da mesa na livraria Blooks (que realiza, no dia 26, a mesa “Outras Histórias do Brasil: Resistências e Reparações”) como do TEDx Pedra do Sal, que acontecerá no Museu de Arte do Rio (MAR) no dia 29. Tati, como prefere ser chamada, se formou em design em uma universidade particular que adotava a política de cotas raciais, o que a garantiu uma bolsa de 50%.

"Se não fossem as cotas, eu não conseguiria cursar. Acordava às 4h, saía de Belford Roxo às 5h40, chegava à Barra da Tijuca para ter aula às 7h30, às 11h40 saía da aula, às 13h começava o turno do trabalho como atendente júnior em um shopping, saía de lá 22h20, chegava em casa meia-noite", disse à reportagem.

Sua luta para conquistar o diploma e o sucesso na carreira fizeram com que sua biografia entrasse para a exposição “Mulheres Negras Brasileiras Presença e Poder”, em  2017, em Nova Iorque.

Derrubando o discurso de que as políticas afirmativas poderiam fazer cair o desempenho acadêmico das turmas de universitários, um estudo publicado em 2017 pela Unicamp mostrou que alunos beneficiados apresentaram desempenho igual aos demais no  Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

Ouvida pelo jornal O Globo, a professora Fátima Lima, do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais da Cefet/RJ e do Programa Interdisciplinar de Pós Graduação em Linguística Aplicada da UFRJ, conta que os alunos a desafiam cada vez mais.

"As políticas afirmativas têm tensionado as relações de saber a partir do momento em que esses estudantes chegam com vontade, com o pensamento crítico afiado, conectados com o mundo e com as redes, estimulando professores a reverem seus planos de curso", salienta.

Leia reportagens do Novembro da Resistência

Filmes para refletir sobre a questão racial
Seis episódios recentes que mostram o quanto o Brasil é racista
> Meu cabelo e a cor da minha pele te incomodam, por quê?
> Ivone Silva: 'Você entra numa agência e não vê um negro'.
> Quais são os desafios para a promoção da igualdade racial?
> Cine Birita encerra o Novembro da Resistência
Filmes para debater a violência contra a mulher
> Sindicato inicia 16 Dias de Ativismo pelo Fim da violência contra a mulher
Curta-metragem: O Brasil é um país racista?
Lute como uma mulher!
> Por que o Brasil não pediu perdão pela escravidão?
Por que não temos o mês da consciência branca?

 

seja socio