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Chapéu
Novembro da Resistência

Seis episódios recentes que mostram o quanto o Brasil é racista

Linha fina
Seja nas redes sociais, ruas, competições esportivas ou em festas privadas, manifestações de cunho racista, infelizmente, ainda fazem parte do nosso cotidiano; para Sindicato, ofensas não são ‘brincadeiras’
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Foto: Reprodução

Institucionalizado por uma minoria branca, o racismo no Brasil vai além dos mais de três séculos de escravidão, período da história brasileira que, segundo o sociólogo Jessé Souza, define nossa sociedade até hoje. Seja nas redes sociais, nas ruas, em competições esportivas ou em festas privadas, manifestações de cunho racista, infelizmente, ainda fazem parte do nosso cotidiano.

No mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20), o Sindicato dos Bancários de São Paulo realiza uma programação especial, com palestras, MBs especiais (webtv) e uma série de reportagens em texto e vídeo no site e redes sociais da entidade. O objetivo é proporcionar conteúdo para fazer pensar e rever conceitos. O Novembro da Resistência alude ainda ao Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25) e também abordará o machismo inerente à sociedade brasileira.

Assim, nesta reportagem, lembramos seis episódios recentes que dão a dimensão do racismo no Brasil atual, para refletirmos sobre quem somos e em qual país vivemos.

Estudante de Direito do Mackenzie

O estudante de Direito do Mackenzie Pedro Bellintani Baleotti gravou um vídeo no carro em 28 de outubro, quando seguia para votar no segundo turno das eleições, ameaçando: ‘a negrada vai morrer’. Além de suspenso pela universidade, o estudante, que também tem por hábito aparecer em vídeos com armas, acabou demitido do escritório de advocacia onde estagiava.

Menino fantasiado de escravo no Halloween

Uma mãe, branca e identificada como Sabrina Flor, mandou o filho, também branco, fantasiado de escravo para uma festa de Halloween em Natal (RN). Em fotos postadas nas redes sociais e posteriormente apagadas, o garoto aparecia com uma corrente presa ao pescoço e cicatrizes artificiais espalhadas pelo corpo pintado de negro. O episódio é acompanhado pela Promotoria de Justiça de Defesa da Criança e do Adolescente do Ministério Público do Rio Grande do Norte, que instaurou procedimento interno.  

Ensaio fotográfico de debutante 

No ensaio fotográfico de seus 15 anos, uma debutante foi clicada em uma mesa servida por adolescentes negros vestidos de escravos. A festa de aniversário, realizada em Belém, teria como tema ‘Jardim Colonial’, e as fotos foram postadas, e posteriormente apagadas, na rede social da cerimonialista do evento, Lorena Machado.

Youtuber

Durante a Copa do Mundo da Rússia, o youtuber Julio Cocielo publicou uma frase racista contra o jogador francês Kylian Mbappé, dizendo que o atleta, conhecido por sua velocidade, “conseguiria fazer uns arrastão (sic) top na praia”. Além de ter uma série de comentários racistas expostos por internautas, o youtuber perdeu vários patrocínio de empresas após o episódio.

Jogos Jurídicos Estaduais do Rio

Estudantes de Direito e torcedores da Uerj, da UFF e da Universidade Católica de Petrópolis foram vítimas de racismo nos Jogos Jurídicos Estaduais do Rio, em junho deste ano. Os criminosos, integrantes da torcida da PUC-Rio, além de ofensas verbais (xingamentos de “macacos”), jogaram cascas de banana contra atletas negros durante as competições.  

Torcedora do Grêmio (foto que ilustra a matéria)

Em 2014, quando ainda jogava no Santos, o goleiro Aranha foi chamado de ‘macaco’ por uma torcedora do Grêmio durante um jogo da Copa do Brasil. O caso, emblemático, resultou na exclusão do time gaúcho da competição daquele ano. A torcedora, Patrícia Moreira, acabou indiciada por injúria racial. Além de Aranha, outros jogadores de futebol também foram vítimas de racismo de torcedores ao longo dos últimos anos, tanto aqui quanto no exterior. 

Para Sindicato, racismo não é ‘mimimi’

Segundo Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato, os casos de racismo estrutural, muitas vezes são erroneamente taxados de “mimimi” por setores conservadores da sociedade brasileira. “Corriqueiramente, infelizmente, movimentos sociais, entidades e pessoas que denunciam a dívida histórica do país para com a sua população negra e defendem políticas afirmativas e de reparação, como cotas em universidades e concursos públicos, são taxados vitimistas, cheios de ‘mimimi’”, critica a dirigente, lembrando que no Brasil  o crime de racismo, previsto no Código Penal, é inafiançável e imprescritível.

“Não podemos negar que o Brasil é racista e temos o dever humanitário de mudar essa realidade. Não devemos tolerar o racismo, encarar ofensas racistas como brincadeiras. Devemos refletir como tratamos essas questões para, se for o caso, mudar nossa postura. Um mundo onde sejamos todos iguais, com certeza, será melhor para todos”, acrescenta a dirigente.

Programação do Novembro da Resistência

Dia 14
MB com a Presidenta especial, às 13h.

Dia 20 (feriado)
Dia da Consciência Negra: marcha com concentração no Vão do Masp (Av. Paulista), às 9h30.

Dia 21
MB com a Presidenta especial, a partir das 16h;
Festa no Café dos Bancários.

Dia 28
Cine Birita, no Café, às 19h (exibição de curtas sobre os temas).

Ao longo do mês reportagens em texto e vídeo, no site e redes sociais do Sindicato, sobre os temas. Acompanhe.

Leia reportagens do Novembro da Resistência

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