O dia 20 de novembro é uma das datas mais simbólicas do calendário brasileiro. É dia de luta, de memória, de celebração e de reafirmação da resistência do povo negro. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região é atuante nessa luta e, neste ano, novamente marcará presença na Marcha da Consciência Negra, que acontece na Avenida Paulista com o tema "Zumbi e Dandara – 300+30 anos".
A concentração será às 12h, no vão livre do MASP. A marcha, construída há mais de duas décadas por coletivos, entidades do movimento negro e organizações sociais, reafirma a centralidade da luta antirracista no Brasil e resgata o legado de Zumbi dos Palmares, assassinado em 20 de novembro de 1695, símbolo máximo da resistência à escravidão.
"Celebrar o Dia da Consciência Negra é, antes de tudo, reconhecer nossa história e o protagonismo do movimento negro, que travou uma luta de décadas até que o feriado fosse reconhecido nacionalmente com a Lei nº 14.759, sancionada pelo presidente Lula, em 2023. Nada foi concedido, tudo foi conquistado com mobilização, denúncia e organização popular", afirma Ana Marta Lima, dirigente sindical e integrante do coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato.
Nos dias 6 e 7 deste mês, Ana Marta participou do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado em Fortaleza (CE). Após uma série de debates na atividade, a dirigente reforçou a importância da mobilização constante na categoria, uma vez que a questão racial ainda registra estatísticas preocupantes.
Conforme números compilados pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), pessoas negras representam 28,15% da categoria bancária, um avanço em relação a 2012, quando eram 18,9%, mas ainda insuficiente diante dos desafios. A desigualdade salarial também persiste: a remuneração média das mulheres pretas segue 37,7% abaixo da dos homens brancos. Já os cargos de liderança continuam pouco acessíveis: apenas 24,2% são ocupados por pessoas negras.
Para a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, a data reforça o papel da categoria bancária no enfrentamento às desigualdades. "Não basta dizer que somos contra o racismo, é preciso agir: debater, formar, pressionar os bancos, garantir políticas de inclusão, combater a desigualdade salarial e abrir espaços reais para que pessoas negras, especialmente as mulheres, ocupem cargos de liderança e tenham oportunidades."

Cultura e reflexão
Após a Marcha de 20 de novembro, o Sindicato promoverá, entre 24 e 28, uma programação especial de atividades em sua sede (Rua São Bento, 413, Centro). Durante toda a semana, das 10h às 17h, acontecerá a Feira Negritude Faz Arte, reunindo empreendedores e artesãos negros.
No dia 28 de novembro, das 14h30 às 19h, será realizado o seminário "Do Trabalho Doméstico à Tecnologia: Onde estão as mulheres negras?", que discutirá a trajetória e os desafios enfrentados por mulheres negras no mercado de trabalho.
A mesa contará com a participação de Andressa Freires, especialista em ciência de dados e fundadora da DiversiDATA; Ana Marta Lima, diretora executiva do Sindicato; e terá mediação de Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato.
O encerramento da semana será às 19h, no Café dos Bancários, com apresentação do grupo Juntos Dá Samba, dentro do projeto Sons da Democracia. A entrada é gratuita para pessoas sindicalizadas e custa R$ 15 para não sindicalizadas.