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BB processado em R$ 10 milhões por assédio moral

Linha fina
Ministério Público do Trabalho do Piauí entrou com ação civil pública motivado principalmente por cobranças abusivas feitas via torpedo
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São Paulo – A direção do Banco do Brasil vai ter de responder a ação civil pública que cobra indenização de R$ 10 milhões por dano moral coletivo motivado por cobranças abusivas de metas. A principal forma de pressão citada pelo Ministério Público do Trabalho do Piauí (MPT-PI), autor da ação, são as mensagens via torpedos.

Iniciadas em janeiro de 2013, a partir de dados do Sindicato dos Bancários do Piauí, as investigações no estado constaram que, apesar do plano de metas da empresa ser semestral, a exigência ocorria diversas vezes ao dia, tendo casos em que um determinado funcionário afirmou ter recebido mais de 80 mensagens seguidas. A pressão desencadeou doenças e alguns estavam tomando remédio controlado ou anteciparam aposentadoria.

Havia cobranças enviadas também fora do horário de serviço, nos finais de semana e de madrugada. “Não conseguia mais dormir, vivia com uma sensação de frustração. A superintendência do BB cobrava de tal forma que me sentia incapacitado”, afirmou um dos bancários em depoimento. “Eu recebia tantas ligações e SMS no celular corporativo que já o deixava no ‘vibra’, porque o toque me dava tique nervoso”, informou um dos gerentes.

Para Cláudio Luiz, dirigente sindical, “o assédio moral é uma prática institucionalizada que atinge todos os funcionários do Banco do Brasil no país. A ação do MPT mostra a gravidade do tema e a necessidade urgente de que a direção acabe com esse procedimento”.

Cláudio lembra, ainda, que o combate ao assédio moral é uma das principais lutas dos bancários, rendendo frutos como o instrumento de denúncia da prática, conquistado em 2010 e aprimorado em 2013, e a proibição da cobrança de qualquer tipo de meta via torpedo. Ambos os dispositivos estão previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Injustificável e insuportável – Para a procuradora do Trabalho Maria Elena Moreira Rêgo, responsável pela investigação no Piauí, o tom de cobrança nas mensagens, às vezes agressivo, outras irônico, algumas ameaçador, extrapola os limites do aceitável. “A pressão que esses trabalhadores sofreram é injustificável e insuportável. Ouvi relatos emocionantes de homens angustiados. Trabalhadores que começaram a ser cobrados e pressionados tão intensa e constantemente que não resistiram e desistiram”, afirmou.

A procuradora relata na ação que os trabalhadores que prestaram depoimento são profissionais que dedicaram toda uma vida ao Banco do Brasil e, ao longo de anos de serviço, apresentaram fichas funcionais impecáveis.

Dos funcionários ouvidos, quatro desenvolveram a Síndrome de Burnout (Síndrome do Esgotamento Profissional) em um período de 12 meses, levando a sentimentos de incompetência, fracasso e desempenho insatisfatório no trabalho. Também foram detectados sintomas como depressão, tremores, comportamentos agressivos e impaciência.


Redação, com informações do MPT - 15/1/2014
 

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