São Paulo - A cidade de São Paulo perdeu 36,3% da água tratada pela Sabesp em 2012, segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
As perdas ocorrem devido a vazamentos na distribuição, ligações clandestinas, roubos e falta de medição.
“Eles estavam cientes de que havia vazamentos no sistema e me surpreende que não tenham tentado resolver isso”, afirmou em entrevista a Folha de S.Paulo a pesquisadora Newsha Ajami. “É, sim, um problema nacional de seca, mas [no Estado] ele é exacerbado pela falta de gerenciamento e de soluções. Eles estão falando em fazer grandes obras, como construir mais reservatórios ou fazer a interligação com outros Estados, mas não dá para construir isso de uma hora para outra”, disse.
Para ela, o primeiro passo deveria ser consertar esses vazamentos no sistema paulista. “Acho que o governo não vinha fazendo a manutenção ativa do sistema. Pode ser que eles não tivessem recursos financeiros para fazê-lo ou pode ter sido só negligência” , completou Ajami, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Ela é diretora do programa Water in the West, voltado para a pesquisa e desenvolvimento de soluções para os problemas de abastecimento de água no Oeste dos EUA e esteve em São Paulo em dezembro para discutir a questão com autoridades e outros pesquisadores.
Recursos financeiros não faltam à Sabesp. É o que mostra o balanço da empresa, que desde 2002 tem capital acionário na bolsa de valores de Nova York. O lucro líquido da empresa atingiu R$ 1,923 bilhão em 2013. Desse total, R$ 534,2 milhões foram distribuídos aos acionistas. Desde 2003, a empresa acumulou lucro de R$ 13,113 bilhões, dos quais R$ 4,372 bilhões foram parar nas mãos dos investidores.
Redação, com informações do Estado de S. Paulo e da Folha de S.Paulo – 19/1/2015
