São Paulo – Após manifestação no centro de São Paulo na tarde desta quarta-feira 14, o Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) conseguiu que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) suspendesse a reintegração de posse da área ocupada pelo movimento na Vila Silvia, zona leste. O terreno pertence à própria CDHU, e o despejo estava marcado para o dia 20. Segundo o MTST, 380 famílias vivem no local.
Aproximadamente 3 mil pessoas participaram do ato, a grande maioria vinda das próprias ocupações do MTST na cidade de São Paulo e região metropolitana. Os sem-teto iniciaram o ato na praça da Sé, às 14h, marchando até a rua Boa Vista, onde estão localizados os prédios da CDHU e da Secretaria de Transportes Metropolitanos. A marcha chegou em frente às instituições por volta das 16h. Tanto a concentração na praça da Sé como a marcha ocorreram sem nenhum confronto.
A pressão na rua Boa Vista provocou efeito rápido na direção dos órgãos do governo e duas comissões foram atendidas poucos minutos após a chegada dos sem-teto. As reuniões duraram quase quatro horas, e até as 19h30, mesmo debaixo de forte chuva – chegou a chover granizo –, os sem-teto permaneceram no local aguardando as comissões.
“Reivindicamos que os acordos firmados nos últimos anos com a CDHU sejam mantidos – tendo em vista que houve troca de secretariado na gestão do governador Geraldo Alckmin. Sobre a ocupação na Vila Silvia precisamos discutir um projeto para aquelas famílias. Um despejo antes de qualquer negociação seria arbitrário”, afirmou o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos.
A comissão do movimento recebida pela direção da Secretaria de Transportes Metropolitanos negociou com o governo a criação de uma linha de ônibus saindo do condomínio João Cândido, em Taboão da Serra, até o terminal Campo Limpo, em São Paulo. O pedido foi aceito. O condomínio é fruto de ocupação dos sem-teto e foi inaugurado no fim de 2014. A secretaria agendou uma nova reunião com o movimento para a próxima semana, na quarta-feira (21), tendo como pauta o aumento das passagens de trem, metrô e ônibus metropolitanos.
A coordenadora estadual dos sem-teto, Maria das Dores, afirmou ainda que ato serviu também como cartão de visita para o novo secretário de Habitação, Nelson Luiz Baeta Neves Filho. “Sabemos que se o povo não empurrar, a casa não sai. O governo é velho mas tem gente nova, e para quem está chegando agora é importante que fique claro que os trabalhadores sem-teto não afrouxam.”
Linha fina
Movimento no centro de São Paulo tem comissões recebidas rapidamente pelas áreas de transportes e habitação do governo estadual, que concordam em atender reivindicações
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