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Gestão ruim pode levar a cinco dias sem água

Linha fina
Apesar de a crise ter começado em 2014, governo do estado não adotou qualquer medida, o que agravou a crise hídrica; bancário pode relatar ao Sindicato problemas em sua casa
Imagem Destaque

São Paulo – São Paulo pode ficar sem água durante cinco dias da semana. A afirmação é do diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado, a Sabesp, Paulo Massato Yoshimoto. Na terça-feira 27, durante inauguração de uma obra no Alto Tietê, o executivo informou que a Sabesp pode adotar rodízio de cinco dias por semana sem água se o volume de chuvas não aumentar no Sistema Cantareira.

Além disso, a Sabesp anunciou os horários em que os moradores de São Paulo terão “redução de água”. Consultando o site da companhia, é possível saber que em alguns bairros a redução de pressão vai durar 18 horas. Mas o fato é que, em muitas regiões, a população já convive com a falta de água há tempos.

É o caso de um bancário do Bradesco que mora na zona leste da capital paulista. “Todos os dias, às 21h, não tenho mais água em casa. A situação é a mesma há dois meses. Então, à noite, já tomo banho na academia antes de ir pra casa.” O trabalhador tem medo da crise hídrica e comprou uma caixa de água a mais para não passar aperto. “Agora, o que mais me espanta é nosso governador saber da situação hídrica no estado de São Paulo e não tomar nenhuma providência preventiva”, desabafa.

> Bancário, clique aqui (escolha o setor "site") e mande depoimentos da situação da água onde você mora

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) continua sem se pronunciar sobre rodízio de água ou planos para conscientizar população, indústria e comércio sobre o consumo de água.

A coordenadora da Aliança pelas Águas, Marussia Whatel, concorda com o trabalhador do Bradesco. “A situação que estamos vivendo é super crítica. Mais crítica ainda por conta de medidas que foram proteladas para agora. E o pior cenário que já se pensava, com menos chuva, está se concretizando. Ficamos sem alternativas que não sejam medidas drásticas de redução de consumo”, afirma ao comentar os possíveis cinco dias por semana sem água.

Para Marussia, a declaração do diretor metropolitano da Sabesp “mostra o pior cenário da gestão de risco”. Ela ressalta que a perspectiva de racionamento é cada vez mais real. “Precisamos de um plano emergencial para lidar com a crise de água. Um plano articulado com ações do governo federal, estadual e municípios envolvendo secretarias, como, por exemplo, a de saúde”, completa.

Ela ressalta que muitos questionamentos estão sem respostas. “Se em vários dias da semana faltará água, será decretado ponto facultativo? O racionamento será em esquema de rodízio por região? Isso tudo deve ser discutido em sociedade. O bancário, por exemplo, que chega em casa às 21h e não tem água, pode já ter enfrentado situação parecida o dia todo no local de trabalho.”

Quanta água você consome? – Marussia chama a atenção da população para o consumo e que muitas pessoas não sabem a capacidade da caixa de água.

“Quando a Sabesp diz que diminui a pressão, isso quer dizer que menos água da rua encherá a caixa de água. Isso para quem tem, pois em algumas casas a água chega direto da rua”, explica.

A dica é procurar saber quantos litros possui a caixa de água e quantos litros cada morador da casa consome por dia. “É preciso entender melhor como funciona a água na sua casa. Quais torneiras são de água da caixa e quais da água da rua? O objetivo é aumentar o que chamamos de autonomia hídrica”, conclui.


Gisele Coutinho – 27/1/2015

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