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Termelétricas evitam que crise hídrica gere apagão

Linha fina
Redes de transmissão de energia entre as regiões brasileiras também ajudaram a evitar que sobrecarga no sistema tomasse proporções maiores
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São Paulo – A crise hídrica é a principal causa do blecaute que interrompeu o fornecimento de energia em parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste na tarde de segunda 19. Com a produção afetada pela queda do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas e o aumento da demanda, as distribuidoras receberam ordens para o corte seletivo no fornecimento.

A opinião é do professor Nivade de Castro, do programa de pós-graduação em Políticas Públicas, Estratégicas e Desenvolvimento do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Essa situação pode se repetir porque nos últimos dois anos e meio tem chovido abaixo da média, o que prejudica a geração de energia. Para completar, vivemos dias quentes, com o calor batendo recordes em várias regiões, que aumenta o uso de aparelhos de ar-condicionado", explica.

Na terça 20, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou relatório informando que as regiões Sudeste e Centro-Oeste registraram cargas recorde às 14h32, pouco minutos antes do blecaute causado por uma falha em uma linha de transmissão de Furnas, que liga as redes Norte-Sul da companhia administrada pela Eletrobras, alterando a frequência do sistema que causou o desligamento de 11 usinas de geração.

O problema poderia ser bem mais grave, como foi em 2001, durante o governo FHC. "Naquela época não haviam as usinas termelétricas, em funcionamento desde 2012, e as redes de transmissão para distribuir a energia produzida em outras regiões", diz o professor da UFRJ.

Castro lembra que em 2004 foi criada uma empresa pública que planejou a expansão da capacidade. "O problema, porém, é que não se faz planejamento para crises tão agudas sob o risco de grandes investimentos se mostrarem desnecessários com o tempo. Mas os investimentos foram feitos conforme o planejado, apesar de algumas usinas termelétricas ainda estarem com suas obras atrasadas."

De acordo com o presidente da Federação dos Urbanitários do Estado de São Paulo, Gentil Teixeira de Freitas, todas as usinas termelétricas estavam em operação ao longo de 2014 para compensar a produção afetada pela queda nos reservatórios. "Só que esse tipo de energia tem custo mais elevado."

Um possível racionamento só deverá ser avaliado a partir de abril, quando termina o período das chuvas.


Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 21/1/2015

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