São Paulo – Com um lance de R$ 553,8 milhões, o consórcio liderado pela empresa CCR e o grupo Ruas Invest arrematou, na sexta-feira 19, o leilão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô de São Paulo. O valor está sendo comemorado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) por representar um ágio de 185% frente ao lance mínimo, estipulado no edital em R$ 189,6 milhões. Entretanto, até o momento, o governo estadual já investiu cerca de R$ 7 bilhões na construção das duas linhas – ou seja, o lance vitorioso representa apenas 7,9% dos recursos gastos.
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O contrato de concessão de ambas as linhas prevê um valor estimado de R$ 10,8 bilhões e um investimento, em melhorias e infraestrutura, de R$ 88,5 milhões a ser realizado pela empresa vencedora.
A CCR administra outras seis concessões no estado de São Paulo, incluindo a linha 4-Amarela do Metrô – por meio da empresa ViaQuatro –, a Autoban, a Viaoeste, a Novadutra, a Spvias e o trecho oeste do Rodoanel.
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo já havia alertado para o direcionamento da licitação para a CCR, tendo como fundamento o item 16 do edital, que determinava a exigência da empresa vencedora ter experiência de transporte de 400 mil usuários por dia – critério que, no Brasil, apenas a CCR (que, além da Linha 4-amarela, em São Paulo, opera o VLT do Rio de Janeiro e o Metrô de Salvador) e o grupo Invepar Participações (que opera o metrô do Rio de Janeiro) têm condições de assumir, sendo que a Invepar passa atualmente por dificuldades financeiras. A categoria fez uma greve de 24 horas na quinta-feira 18, contra a privatização, a terceirização das bilheterias e o aumento da tarifa do Metrô.
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O leilão chegou a ser suspenso na tarde da quinta-feira, em decisão liminar do juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara de Fazenda Pública, acolhendo pedido feito pela bancada do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo. Horas depois, a decisão foi derrubada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças.