São Paulo – O Sindicato esteve mobilizado desde as primeiras horas da quarta-feira 31 no Vila Santander, concentração do banco espanhol onde está instalado o call center. O protesto foi contra a implementação de medidas que prejudicam os seus trabalhadores, muitas amparadas nas regras da reforma trabalhista de Temer, e sem consulta aos funcionários ou seus representantes sindicais, em flagrante desrespeito à Convenção Coletiva de Trabalho e ao Acordo Aditivo. Diante do protesto, o banco utilizou gestores e acionou a Polícia Militar para desrespeitar o direito de paralisação dos trabalhadores contra a retirada dos seus direitos.
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Dirigentes sindicais deflagraram então uma resistência pacífica contra a truculência do Santander, deitando-se no chão em frente aos três portões de entrada do Vila Santander, formando um tapete humano, evitando assim que os bancários fossem forçados a entrar para trabalhar.
Mesmo com a coação e truculência de gestores e policiais, os ônibus que traziam os funcionários até o Vila Santander paravam em frente ao portão principal e os trabalhadores se negavam a entrar. Ao constatar que os bancários não queriam passar pelo cordão formado por seus policiais, a PM se retirou do local.
Não foi o Sindicato que se recusou a negociar: foi o Santander que fechou qualquer diálogo com os trabalhadores! Não vamos permitir a imposição dos horrores da reforma trabalhista aos bancários! pic.twitter.com/2tg6866yUN
— Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região (@spbancarios) January 31, 2018
“Nossa resistência é pacífica. Truculento é o Santander, que se nega a negociar e ainda aciona a Polícia Militar na tentativa de intimidar os trabalhadores. Não podemos aceitar que os bancários sejam explorados, desrespeitados dessa forma. Eles estão fazendo a resistência junto com o Sindicato. A maior prova disso é que, mesmo coagidos e sob pressão da PM, se negaram a entrar no Vila Santander e por isso estão de parabéns. Eles sabem que são os seus direitos e empregos que estão em jogo”, critica a diretora do Sindicato, presidenta da UNI Finanças Mundial e bancária do Santander, Rita Berlofa.
“O Santander não convocou o Sindicato para fazer as negociações e tem implementado à revelia dos trabalhadores a reforma trabalhista. Para isso, eles precisam da força policial. Nós sabemos que o setor financeiro é o que mais lucra nesse país, então por que não pode fazer as coisas de forma negociada com o movimento sindical?”, questiona a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, que também esteve ao lado dos trabalhadores no Vila.
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Santander tenta enganar trabalhadores – Dois dirigentes do Sindicato, Alexandre Caso e Silmara da Silva, flagraram outro desrespeito do banco com os funcionários.
Os representantes dos trabalhadores estavam na estação Barra Funda do metrô e avistaram bancários do Santander entrando em ônibus que ali estavam estacionados. Ao perguntarem para representantes do banco para onde os veículos iriam, foram informados de que se dirigiam à empresa Conecta, que presta serviços terceirizados para o banco espanhol.
“Ficamos desconfiados, entramos no ônibus e perguntamos para as pessoas para onde o ônibus estava indo e responderam que estava indo para a Conecta. No meio do caminho percebemos que estava indo para o Vila Santander. Foi então que fizemos uma intervenção e falamos para eles que o banco estava enganando, levando-os para uma praça de guerra. A nossa atitude é pacífica, mas parecia uma praça de guerra pelo efetivo policial presente”, relata Alexandre Caso.
O dirigente explica ainda que, quando o ônibus chegou ao Vila Santander, foi realizada uma assembleia, na qual os trabalhadores, em decisão unânime, decidiram que não iriam entrar, que não venderiam a sua dignidade.
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"Este ano será de muita luta. Finalizamos janeiro com um grande protesto no Vila Santander contra a retirada de direitos e certamente o Sindicato continuará lutando durante todo este ano decisivo, em que os trabalhadores decidirão qual projeto de país querem para o futuro", enfatiza a diretora do Sindicato e bancária do Santander, Vera Marchioni.
“Os trabalhadores do Santander, do Vila, estão de parabéns por esse ato de paralisação que fizemos hoje. Estamos aqui desde às 5h30 e os bancários mostraram que vão continuar resistindo. Nós tivemos um dia muito bonito aqui, apesar da truculência do Santander em chamar a força policial para tentar nos intimidar, já que não têm coragem de vir para a mesa e negociar conosco. Mas continuamos aqui e resistimos. Continuaremos resistindo e dizendo ao Santander que nos chame para negociar. Nós temos propostas que não a retirada de direitos dos bancários, conquistados há décadas por meio da nossa Convenção Coletiva e do Aditivo do Santander. Foi lindo o dia de hoje”, conclui a também diretora do Sindicato e bancária do Santander, Maria Rosani.