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Itaú: lucro e PDD nas alturas e empregos em baixa

Linha fina
Instituição financeira atinge segundo maior resultado já registrado no país, mas provisiona mesmo com inadimplência em baixa e fecha milhares de postos de trabalho, inclusive de bancários
Imagem Destaque

São Paulo – O lucro líquido recorrente do Itaú em 2012 somou R$ 14,043 bilhões. Mesmo com a redução de 4,1% em relação ao ano de 2011, o banco aumentou seu patrimônio líquido em 4%, atingindo R$ 74,2 bilhões e, segundo dados da Economatica, a cifra representa o segundo maior lucro líquido anual já registrado por um banco no Brasil, O primeiro lugar nesse ranking também é do Itaú, em 2011, quando lucrou R$ 14,6 bi.

Motivos para o banco comemorar não faltam, ao contrário dos funcionários. No quarto trimestre, o lucro líquido recorrente atingiu R$ 3,502 bilhões, aumento de 2,6% em relação ao trimestre anterior. As receitas de prestação de serviços e tarifas cresceram 8,3% no acumulado do ano, somando R$ 20,622 bilhões, receita suficiente para cobrir 147% do total das despesas de pessoal. Entretanto, no mesmo ano, o grupo extinguiu milhares de postos de trabalho.

“Foram fechados 7.935 vagas em 2012. Somente no último trimestre, foram 104. Diante da atual economia brasileira, tantas dispensas é uma afronta à categoria bancária. Enquanto isso, o Itaú comemora sua 18ª colocação no ranking de marcas mais valiosas de instituições financeiras no mundo. E o funcionário do Itaú, quais motivos tem para comemorar?”, questiona a diretora executiva do Sindicato Marta Soares.

A dirigente lembra, ainda, que além de demitir, a direção do banco impôs uma nova jornada de trabalho em diversas agências do país sem negociar previamente com trabalhadores e movimento sindical, motivo de diversos protestos no ano passado.

Sobrecarga  - Em dezembro de 2011, todo o grupo Itaú, tinha 98.258 empregados no Brasil e em dezembro de 2012 este número caiu para 90.323. Mesmo assim, o banco não deixou de investir em novas unidades, foram abertas 49 agências em 2012.

“Com as dispensas em agências e centros administrativos, quem sofre são os bancários, sujeitos a extrapolar jornada, comprometer sua vida pessoal, e ter de continuar cumprindo metas abusivas para colaborar com os ótimos resultados do banco. Enquanto isso, As despesas de pessoal do banco cresceram apenas 2,3% em um ano”, ressalta a dirigente sindical.

O único item das despesas de pessoal do balanço, divulgado nesta terça-feira 5, que apresenta crescimento expressivo é referente a desligamentos e processos trabalhistas, com alta de 75,3% em 2012

O próprio relatório do Itaú destaca que as despesas com pessoal tiveram redução de 2,2% no 4º trimestre em comparação ao período anterior, mesmo com o reajuste de 7,5% relacionado à Convenção Coletiva do Trabalho firmada em outubro. “Isso significa que com as demissões e a consequente redução da estrutura salarial do banco, o ‘custo’ da CCT nacional dos bancários é muito reduzido”, destaca Marta.

Crédito em baixa, PDD nas alturas - As operações de crédito do banco cresceram 6% no ano, atingindo o montante de R$ 366,285 bilhões. Já no segmento de pessoas físicas o crescimento anual foi de 0,7%, impactado negativamente pela queda de 15% no crédito para veículos. Para pessoa jurídica as operações cresceram 8,7% em um ano.

O índice de inadimplência passou de 4,9% em dezembro de 2011 para 5,2% em junho de 2012 e encerrou o ano em 4,8%. Menor, portanto, do que em 2011. “Podemos observar a elevação até a metade do ano, depois, a inadimplência passou a cair. Surpreendentemente, o banco não expandiu o crédito, mas aumentou em 18,7% seu provisionamento para devedores duvidosos”, destaca Marta Soares.

Segundo o balanço do banco, as despesas de PDD atingiram o montante de R$ 23,644 bilhões, R$ 3,732 bilhões, ou cerca de 18,7%, a mais que em 2011.

PLR no bolso - O Sindicato já enviou carta aos bancos pedindo a antecipação do pagamento da segunda parcela da PLR, com o argumento de que nos meses de janeiro e fevereiro há aumento nos gastos dos trabalhadores, com despesas como IPVA, IPTU e matrículas escolares dos filhos.

“O Itaú, assim como outras instituições financeiras, têm condições de pagar o quanto antes e esperamos que faça isso”, ressalta a diretora do Sindicato, lembrando que essa segunda parcela já virá com isenção total ou com desconto bem menor do imposto de renda, uma conquista da luta dos trabalhadores.

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Gisele Coutinho – 5/2/2013

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