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Hereda é contra a abertura de capital da Caixa

Linha fina
Presidente do banco diz que se trata de sua opinião pessoal, mas admitiu ter discutido intensamente o assunto com a presidenta Dilma
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São Paulo – O presidente da Caixa, Jorge Hereda, afirmou na quinta-feira 12 que é contra a abertura de capital da Caixa, como foi cogitado no final do ano pelo governo. Há 154 anos, a União é o único controlador da instituição financeira. Durante entrevista coletiva concedida em São Paulo para divulgar dados do balanço 2014, Hereda ressalvou tratar-se de sua posição pessoal e admitiu ter discutido intensamente o assunto com a presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, a presidenta tem plena noção do papel social do banco e da importância da instituição como instrumento estratégico para o país, sobretudo por seu potencial de promoção de políticas anticíclicas em meio à instabilidade econômica global.

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“A questão é: no Brasil, cabe ou não cabe uma instituição financeira 100% pública? Em minha opinião, cabe”, disse. Segundo o executivo, diante da situação instável da economia mundial, é muito importante dispor de um instrumento capaz de liderar políticas anticíclicas de enfrentamento da crise. “Algum analista econômico já calculou qual teria sido o PIB do país se os bancos públicos tivessem se comportado como os bancos privados nos últimos anos?”, questionou. Para ele, no sistema bancário brasileiro, muito concentrado, os bancos públicos impõem uma “concorrência” que não seja movida “à base da busca pelo lucro exacerbado levada às últimas consequências”.

Jorge Hereda enfatizou ainda que sua posição não é movida por preconceito contra o capital privado ou por opção ideológica. “É questão de lógica, é 100% racionalidade”, defendeu. “A presidenta tem total noção do papel social do banco como agente de políticas públicas e está levando isso em consideração.” A decisão mais provável a ser tomada, pelo que se pode apurar da fala de Hereda, é que seja aberta à capitalização a área de seguros da Caixa, a qual já tem a participação de agentes privados – o banco público controla 52% de sua empresa de seguros e vê na abertura de capital a possibilidade de ampliar sua participação no mercado brasileiro e, em contrapartida, ampliar a participação dos resultados do segmento de seguros no balanço global da instituição.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, considerou correta a posição de Hereda, pois vai ao encontro das manifestações da entidade, desde que a possível abertura de capital passou a ser ventilada, no final do ano. “A Caixa sozinha respondeu por mais de um terço (36%) do crescimento do crédito total no país. As operações de crédito do banco movimentaram R$ 605 bilhões, um crescimento de 22% em um ano delicado para nossa economia. Isso ressalta o quanto ela é fundamental para o Brasil”, disse a dirigente.

O presidente da CUT, bancário Vagner Freitas, também destaca a necessidade de a instituição continuar 100% público: “Um governo democrático e popular precisa de um instrumento de desenvolvimento, inclusão e fomento ao crédito. Por isso, a CUT defende que a Caixa continue cumprindo seu papel como principal fonte de financiamento das políticas públicas importantes para os trabalhadores e para a sociedade, como o Minha Casa Minha Vida”.

Calendário de lutas - Em 27 de fevereiro, os trabalhadores promovem o Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa 100% Pública.  O objetivo é mobilizar os mais de 100 mil empregados, as entidades representativas da categoria e toda a sociedade. Dez mil cartazes com a frase Eu Defendo a Caixa 100% Pública já estão sendo enviados para as mais de quatro mil unidades do banco. A ideia é utilizar o material em uma grande ação nas agências e em fotos a serem postadas nas redes sociais com a hashtag #acaixaédopovo.  

Antes, uma audiência pública, convocada pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF), vai debater a defesa da Caixa Econômica Federal 100% Pública: no dia 25 de fevereiro, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados.

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Paulo Donizetti de Souza, Rede Brasil Atual - 12/2/2015
(atualizada às 19h de 12/2/2015
)
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