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Em plena crise, lucro do Bradesco cresce 35% no último trimestre de 2020

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No acumulado do ano, banco lucrou R$ 19,4 bilhões e eliminou 7.754 postos de trabalho, sendo 7.212 entre março e dezembro, apesar do compromisso de não demitir durante a pandemia do coronavírus
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Foto: Seeb-SP

O Bradesco atingiu lucro líquido recorrente de R$ 6,801 bilhões no quarto trimestre de 2020, crescimento de 35,2% em relação ao três meses anteriores, quando o banco obteve resultado de R$ 5,031 bilhões. 

Com o resultado do último trimestre do ano passado, a instituição financeira obteve, em 2020, R$ 19,458 bilhões de lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários), em plena crise econômica e social causada pelo novo coronavírus.

O montante representa queda de 24,8%, em relação a 2019, impactado pelas despesas com devedores duvidosos (PDD), que subiram 34,4% no período, totalizando R$ 25,2 bilhões.

Menos 7,7 mil postos de trabalho em um ano

O Bradesco eliminou 7.754 postos de trabalho e fechou 1.083 agências em doze meses encerrados em dezembro de 2020, terminando 2020 com um total de 89.575 empregados.

Apesar do compromisso assumido pelo banco junto ao movimento sindical de não demitir durante a pandemia, o banco fechou 7.212 postos de trabalho e 772 agências entre março e dezembro.
 
“O fechamento de postos de trabalho feito por uma das empresas mais lucrativas do país durante a crise sanitária e social causada pelo coronavírus merece protesto de toda sociedade, já que o Bradesco e demais bancos ganham bilhões da população”, afirma Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Receitas de tarifas e serviços cobrem toda folha de pagamento

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias caiu 2,7% em doze meses, totalizando R$ 26,2 bilhões. As despesas de pessoal, incluindo a PLR, também caíram no período (-10,5%) atingindo R$ 19,2 bilhões. Assim, a cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 136,9%.
 
“Mas mesmo cobrando juros extorsivos e tarifas abusivas, o banco oferece serviços muitas vezes insatisfatórios, justamente por causa da falta de postos de trabalho, que, além de tudo, geram sobrecarga e adoecimento nos trabalhadores remanescentes do banco”, afirma Neiva.  
 
O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 14,8%, com redução de 5,8 pontos percentuais em doze meses.

“Excelente desempenho” no último trimestre

De acordo com o relatório do banco, o último trimestre do ano apresentou excelente desempenho, com maiores receitas com a margem financeira e com prestação de serviços e com a redução das despesas com PDD, retornando sua rentabilidade trimestral aos patamares de antes da pandemia (20%).
 
Um item com forte impacto nos resultados da instituição foi a conta de impostos e contribuições. O resultado antes da tributação apresentou queda de 68,5%, totalizando pouco mais de R$ 5 bilhões. Créditos tributários de quase R$ 11,7 bilhões, contudo, ajudaram a compor o resultado final do banco em 2020.

Despesas PDD subiram 34%

O Índice de Inadimplência superior a 90 dias caiu 1,1 ponto percentual em doze meses e ficou em 2,2%, enquanto as despesas com devedores duvidosos (PDD), por sua vez, subiram 34,4% no período, totalizando R$ 25,2 bilhões, em função da perspectiva do banco frente ao cenário econômico atual.
 
“Mesmo com a queda da inadimplência, o banco aumentou em mais de 30% as despesas com devedores duvidosos, o que impactou no lucro. Mais uma mostra de que o Bradesco está longe de qualquer situação que justifique tantas demissões, sobretudo em um momento tão delicado pelo qual a sociedade brasileira está passando”, afirma Neiva.  
 
A carteira de crédito expandida do banco apresentou alta de 10,3% em doze meses e 3,4% no trimestre, atingindo R$ 687 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 11,7% em doze meses, chegando a R$ 260,3 bilhões.
 
“Por lucrar tanto no país por meio do esforço dos seus trabalhadores e dos juros e tarifas cobrados da população, o Bradesco deveria estar abrindo postos de trabalho, e não demitindo milhares de pais e mães de família neste momento tão difícil pelo qual todos nós estamos vivendo. Os bancos são o setor da economia que mais lucram, independentemente de qualquer crise. Portanto, seria muito justo se retribuíssem à sociedade com a manutenção e a geração de empregos, e com o atendimento adequado à população, ao invés das enormes filas”, finaliza a secretária-geral do Sindicato.

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