Em 2023, o Itaú comunicou aos trabalhadores dos prédios administrativos que o regime de trabalho 100% home office seria substituído pelo modelo flexível, sendo que a partir de setembro daquele ano os trabalhadores precisariam comparecer quatro vezes ao escritório e, de fevereiro de 2024 em diante, oito vezes.
O que era para ser um tempo de adaptação dos trabalhadores e de preparação para o banco recebê-los virou um caos na primeira semana cheia da nova diretriz de trabalho presencial no CT (Centro Tecnológico), na Mooca.
A jornada do desgaste
No começo do dia, o desafio é conseguir chegar ao prédio. O banco possui um sistema de transporte privativo ligando o CT à estação Brás do Metrô/CPTM, pois a região onde o polo está localizado tem histórico de problemas relacionados à segurança pública. Ocorre que o aumento da presença de trabalhadores resultou em um subdimensionamento da oferta de ônibus, gerando longas filas e espera de mais de 20 minutos.
A hora do almoço, tempo que deveria ser de alimentação e relaxamento, virou mais um motivo de estresse. O prédio possui 10 andares, mas as copas que possuem micro-ondas somente estão presentes no térreo, mezanino, CT2 e, principalmente, no terceiro andar, o maior dos refeitórios.
Os trabalhadores dos outros andares são obrigados a se deslocar e, com a superlotação, há demora para conseguir utilizar os micro-ondas e os bancários com jornada de seis horas, que possuem 15 minutos de intervalo, acabam ficando sem comer.
Por fim, na hora da saída, os problemas com o transporte se repetem. Quem escolhe o caminho mais seguro acaba tendo de esperar pelo fretado, o que acarreta mais demora para chegar em casa.
Quedas de internet
A aparente falta de planejamento do banco no retorno dos bancários não se detém ao transporte e à alimentação. A rede de internet wi-fi, um item básico para desempenho das funções diárias, não está suportando a quantidade de pessoas conectadas simultaneamente e cai com frequência.
Sem farmácia
Quem conhece a região do CT sabe que ela não é convidativa. As opções comerciais estão restritas aos pequenos restaurantes e cafeterias na rua em frente ao prédio, mas a localidade é ocupada majoritariamente por galpões e pequenas indústrias, além da Avenida dos Estados que, nessa região, sofre com gangues de roubo de celulares.
Estacionamento
Recentemente o banco cortou o acesso aos seus estacionamentos para todos aqueles que possuem cargo abaixo de coordenador. Na região do CT as vagas nas ruas estão todas ocupadas a partir das 7h e o estacionamento do polo fica subutilizado.
“Assim, não possuir uma farmácia dentro do polo gera dificuldades para resolver dores e contratempos do dia a dia, além de criar uma diferenciação com quem está lotado no CEIC, muito mais bem atendido por serviços dos mais variados tipos”, afirma Sergio Lopes, o Serginho, dirigente da Fetec-CUT/SP e bancário do Itaú.
“Um banco que lucrou R$ 35,6 bilhões em 2023 não pode submeter seus trabalhadores, os verdadeiros responsáveis por esse ganho, a condições de trabalho dessa natureza. Além dos transtornos, o banco ainda continuará cobrando normalmente o horário de chegada, as metas de aderência e produtividade. O banco não se planejou e quem está pagando a conta são os bancários”, acrescenta o dirigente.
O Sindicato contatou o RH, repassou as reclamações e aguarda retorno do banco. Aos bancários, a orientação é que continuem procurando o Sindicato, por meio do Canal de Denúncias. A plataforma assegura aos trabalhadores o sigilo dos dados do denunciante, o acompanhamento da denúncia, a apuração e o retorno efetivo do caso relatado.
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