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Em Túnis, CUT quer embate ideológico contra crise

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Central participa do Fórum Social Mundial, que ocorre entre 26 e 30 de março na capital da Tunísia
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São Paulo – “A agudização da crise que afeta os países centrais do capitalismo, com o agravamento do desemprego, da fome e da miserabilidade de parcelas cada vez mais amplas da população, reforça a importância dos movimentos sociais e das forças progressistas contarem com instrumentos de reflexão e ação para transformar a realidade.” A reflexão é do secretário de Relações Internacionais da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Antonio Felício, sobre qual deve ser o caminho dos debates do Fórum Social Mundial (FSM). “Nunca precisamos tanto da amplitude, compromisso e capilaridade dos movimentos que o compõem”, acrescenta.

O Fórum Social Mundial 2013 ocorrerá entre 26 e 30 de março em Túnis, capital da Tunísia. Nos cinco dias, estão previstos marchas, mobilizações, seminários, assembleias, manifestações culturais, dentre outros eventos que objetivam a contraposição ao Fórum Econômico Mundial e seu pensamento neoliberal. A marcha de abertura está marcada para as 16h (horário local), meio-dia de Brasília.

> Veja a programação completa (em espanhol)

Felício afirma que as consequências das políticas neoliberais para a população se agravaram com a crise, o que dá ao FSM responsabilidade redobrada de articular ações globais que deixem claro a oposição “aos abusos das transnacionais e do sistema financeiro”, apresentando propostas para a construção de uma alternativa.

O representante da CUT lembra que a política de socorro aos bancos disseminada pelo mundo gerou desemprego, perda de moradia e da já combalida proteção social, “sobrando apenas a pobreza”.

Milhões – Segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) destacados pelo sindicalista, foram contabilizados 197 milhões de desempregados no mundo em 2012, número próximo a toda população brasileira. Famintos beiram os 900 milhões, sendo cerca de 90% habitantes em países em desenvolvimento. Por outro lado, mais de 50% da riqueza global pertence a apenas 2% da população.

“Daí a necessidade do campo político progressista, das forças de esquerda, retomarem a iniciativa, com entusiasmo e ousadia, voltando às ruas para o enfrentamento político e ideológico ao retrocesso”, afirma.

Vanguarda – A CUT participa do Fórum Social Mundial desde a sua fundação em 2001, sendo, juntamente com o MST, os dois primeiros movimentos sociais a formar seu comitê organizador. “Sempre o consideramos um espaço de atuação extremamente importante para todos os movimentos sociais e organizações que buscam construir um mundo mais justo e democrático.”

No aspecto da condução política do Fórum Social Mundial, Felício afirma que organizações com ampla base social, portanto com poder democrático de representação, têm maior responsabilidade a assumir e, portanto, é necessário que ocupem o espaço que lhes é devido no Conselho Internacional (CI), bem como nas demais estruturas de coordenação do evento, para que sejam revigoradas. Os que pensam e praticam o contrário estão alinhados com a velha máxima de Lampedusa: “é preciso mudar para que tudo continue como está”.
“Queremos recuperar o papel coletivo do comitê internacional e que isso se reflita nos comitês locais e temáticos, de acordo com a carta de princípios e a cultura política do Fórum, impedindo o controle dos poderes econômico, público e de indivíduos, por melhor intencionados que sejam.”

O dirigente (foto ao lado) reafirma que a CUT continua defendendo fóruns bianuais, com a realização de reuniões no mesmo período do Fórum Econômico Mundial, em Davos, para fazer o necessário contraponto. “Juntos, vamos construir um Fórum de todos e de todas, fazendo com que os temas a serem abordados sejam amplamente debatidos e assumidos como compromisso coletivo. Para o bem da Humanidade”, encerra.

Assembleia Sindical – Antecedendo a marcha de abertura, a Assembleia Sindical reuniu entidades com propósito de organizar e unificar ações. Durante a atividade, entidades de todo o mundo foram convidadas a exporem suas experiências e perspectivas.

Pela CUT, falou a secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti: “Passamos por um momento de reflexão sobre o futuro do Fórum. Precisamos sim, conhecer as experiências e realidades de cada região, mas temos a concepção de que o momento de crise que assola os direitos econômicos e sociais dos trabalhadores exige ações efetivas, construindo a base para as mudanças que consolidem a máxima do Fórum de que um outro mundo é possível e necessário”, enfatizou.


CUT, com edição da Redação – 26/3/2013

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