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Suíços aprovam limitação de bônus a executivos

Linha fina
Em referendo popular, eleitores respondem aos abusos de banqueiros e executivos durante crise financeira
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São Paulo - A decisão de eleitores suíços de aprovar nas urnas lei para limitar os salários de executivos e proibir compensações milionárias para quem esteja deixando multinacionais foi considerada inédita num país conhecido por seu liberalismo econômico.

O referendo realizado no domingo 3 terminou com 68% dos suíços votando a favor das medidas. Em Zurique, um dos centros financeiros do mundo, 71% da população apoiou a ideia. O sistema de democracia direta da Suíça obriga, agora, a aprovação do projeto pelo governo.

A medida é interpretada como uma reação popular aos abusos de banqueiros e executivos durante a crise financeira, iniciada em 2008. De lá para cá, milhões de postos de trabalho foram eliminados na Europa, milhares de empresas quebraram e outras milhares de famílias ainda sofrem diante do colapso social que ronda diversos países.

O senador suíço Thomas Minder, autor do projeto que obriga toda a empresa suíça cotada em bolsas a seguir a nova lei, comemorou a votação. "O povo decidiu mandar um recado forte", disse.

A lei ainda prevê que caso o executivo viole a regra poderá ser preso por três anos ou terá de pagar o valor referente a seis anos de seu salário. Entre outros pontos da proposta está a proibição do pagamento a executivos demitidos ou aposentados.

Há duas semanas, por exemplo, a Novartis anunciou que seu ex-diretor executivo Daniel Vasella receberia US$ 72 milhões nos próximos seis anos, sob a condição de não trabalhar para nenhuma outra empresa farmacêutica. Após forte reação popular, Vasella, que recebia mais de US$ 15 milhões por ano, optou por abrir mão do dinheiro.

Além disso, algumas das maiores empresas do país têm anunciado a demissão de milhares de funcionários, enquanto seus executivos - chamados no país de "gatos gordos" - continuam recebendo milhões de dólares em salários e bônus.

Os contrários - Tanto o governo como parte das empresas fizeram uma ampla campanha contra a ideia. O governo suíço havia deixado claro que era contrário à lei, prevendo o risco de que multinacionais simplesmente abandonem o país.

Reação popular - Assim como em alguns países europeus, a votação na Suíça é uma reação popular de milhões de pessoas que estão sofrendo com a crise. Enquanto isso, executivos das entidades acusadas de terem sido as responsáveis pelo problema - sobretudo o setor financeiro - continuam recebendo salários e prêmios cada vez maiores, mesmo depois de terem sido resgatadas com dinheiro público. Na zona do euro, o debate se estende sobre a imposição de um limite para bônus pago por bancos a seus executivos.


Redação, com informações do Estado de S. Paulo – 4/3/2013
 

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