São Paulo – O setor bancário no Brasil continua extinguindo empregos. Apenas nos primeiros dois meses de 2017, já eliminou 2.535 vagas. Em fevereiro, o saldo nos bancos é de 1.546 postos de trabalho eliminados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Nos dois meses, foram admitidos 3.378 bancários e demitidos 5.913. A rotatividade do setor resulta em diminuição dos salários, já que os desligados ganhavam em média R$ 7.036 mensais, enquanto que a média dos salários dos admitidos é de R$ 4.002, ou seja, 57% do que ganhavam os que saíram. Em fevereiro, essa relação foi de 52%: a média dos demitidos era R$ 7.299 e dos admitidos, R$ 3.768.
“Os bancos que atuam no Brasil têm lucros altíssimos, crescem em tamanho e número de clientes, mas ao invés de contratar, gerando empregos no país e melhorando as condições de trabalho dos funcionários, eles demitem e acabam com centenas de empregos. Os bancários estão sobrecarregados, adoecendo com a pressão para que cumpram metas abusivas, há carência de trabalhadores nas agências e nos centros administrativos, e ainda assim os bancos não contratam”, critica a diretora executiva do Sindicato Marta Soares.
A dirigente lembra que os quatro maiores – Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – lucraram, juntos, R$ 54,6 bilhões em 2016 (a Caixa Federal ainda não divulgou o resultado do ano passado). “Mesmo em um período de crise financeira, os bancos continuam tendo lucros robustos. Não há de forma alguma justificativa para que cortem vagas”, reforça.
Por faixa etária – Os dados do Caged mostram ainda que a maioria dos desligados tem entre 50 a 64 anos. Em fevereiro, o número de postos de trabalho eliminados entre os bancários nessa faixa etária chegou a 1.015, enquanto que entre bancários de 30 a 39 anos foi de -484 empregos e entre os de 40 a 49 anos foi de -424 vagas.
Os empregos dos mais velhos também foram os campeões em eliminação quando se leva em consideração o saldo dos dois meses (janeiro e fevereiro): - 1.676 vagas. O saldo da faixa etária de 30 a 39 anos foi de - 1.030 e o de 40 a 49 anos foi de - 424.
“Isso confirma que os bancos substituem os trabalhadores mais experientes, com mais tempo de casa e salários maiores, por mais jovens, com salários menores. Outra grande preocupação em relação a isso é como vão ficar os bancários mais velhos se essa reforma da Previdência, proposta por Temer, passar no Congresso. A proposta do governo é de idade mínima de aposentadoria só aos 65 anos. Imagina um bancário com 60 anos que perde o emprego! Ele não vai ter direito à aposentadoria e não vai arrumar outro emprego. Qual banco, qual empresa contrata com essa idade?”, questiona Marta Soares.
“Por isso que a categoria tem de continuar protestando como fez no Dia Nacional de Paralisações [quarta-feira 15], quando fechamos diversas agências e concentrações e fomos pra Paulista encerrar o dia com um grande ato. A população tem de resistir e mandar seu recado aos deputados e senadores do Congresso: se eles aprovarem essa reforma, não serão reeleitos.” Veja aqui os contatos dos deputados da base de apoio de Temer.
A CUT elaborou um “aposentômetro” para que o trabalhador calcule o estrago que a reforma da Previdência (PEC 287) fará na vida dele, caso seja aprovada pelo Congresso Nacional.
Tipos de bancos – Os bancos múltiplos com carteira comercial – classificação na qual se inclui Itaú, Bradesco, Santander e BB – eliminaram 891 empregos em fevereiro e 1.724 nos dois primeiros meses do ano. A Caixa Federal, único banco no Brasil na classificação “caixas econômicas”, extinguiu 554 vagas em fevereiro e 587 em janeiro e fevereiro.
Brasil – No Brasil, foram criadas 35.612 vagas em fevereiro. Foi o primeiro saldo positivo de empregos em quase dois anos.