São Paulo – Gestores do Bradesco voltaram a criar empecilhos ao uso da barba no local de trabalho. A denúncia desta vez veio de bancários do Telebanco Santa Cecília, que, apesar de não haver nenhum normativo proibindo o uso – fato confirmado pelos próprios representantes da empresa – estão sendo pressionados para que não a utilizem.
"Se o gestor quer proibir o uso da barba, que abra uma empresa e crie seu próprio código de conduta. Porque o Bradesco afirma categoricamente que não existe proibição. O gestor não pode se achar mais realista do que o rei", diz Thiago Lopes, dirigente do Sindicato e funcionário do Bradesco.
“O supervisor chega para o funcionário e dá uma ‘dica de amigo’, mas que, no fundo, é uma ameaça. Dizem coisas como: ‘Você já viu um diretor de barba? Se não quiser ser esquecido aí, eu faria essa barba se fosse você’ e similares”, acrescenta Thiago.
“No início de fevereiro, eu estava trabalhando normalmente quando um supervisor me pediu para ir à gerência. O motivo seria minha barba e, como é de conhecimento, apesar de não ser proibida, dentro do Bradesco ela é totalmente repugnada. Eu não gosto de barba por fazer, acho meio relaxado, mas bem feita, sendo cuidada, é algo profissional e apresentável. A barba não é proibida, não é significado de que eu sou um péssimo funcionário, não pode bloquear uma oportunidade de crescimento”, protesto um bancário do Telebanco, que preferiu preservar sua identidade.
Quem for coagido a mudar sua estética pessoal deve denunciar a prática ao Sindicato. O bancário pode entrar em contato por meio do canal Assuma o Controle, pelo Fale Conosco e também na Central de Atendimento, no 3188-5200. O sigilo é garantido.
O caso é antigo – Em 2010, o Bradesco foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar indenização de R$ 100 mil, destinada ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), por discriminação estética a seus funcionários que usavam barba. Mesmo assim, em 2015, um bancário foi demitido da instituição exatamente por esse motivo, apesar de o banco alegar que não foi essa a motivação para a dispensa.
Em fevereiro de 2016, após denúncias de bancários, o Sindicato propôs o desafio da barba, sugerindo que trabalhadores que desejassem permanecessem uma semana sem se barbear. Caso fossem punidos por isso, deveriam entrar em contato com os dirigentes. O desafio foi um sucesso e teve grande adesão, provando que a alegada “questão cultural”, usada elo banco para justificar o fato de trabalhadores não usarem barba, não era um argumento sustentável.