São Paulo – Representantes de sindicatos de trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) reuniram-se na segunda 27 com o presidente da instituição, Guilherme Campos, em São Paulo. Em pauta, medidas da empresa de restrição de direitos históricos da categoria, como a possível cobrança de mensalidade para a manutenção dos planos de saúde e a suspensão de férias para os funcionários até abril de 2018.
“Suspender férias programadas dos trabalhadores é um absurdo sem tamanho da ECT, porque as férias são direito adquirido, definidos em lei, e têm de ser pagas”, afirma em nota o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba (Sintect). “O sindicato ajuizará uma ação coletiva em favor dos trabalhadores”, informa, caso o impasse não seja resolvido na reunião de hoje. As medidas foram anunciadas pela administração da empresa.
A ECT argumenta problemas na situação financeira da instituição, o que é rebatido pelo sindicato. “É um absurdo isso se dar em nome (a suspensão das férias) de uma suposta falta de dinheiro, ao mesmo tempo que a ECT torra dinheiro mandando seus vice-presidentes em viagens de turismo à Europa, para aprender como privatizar a empresa, fecha vários contratos de patrocínio e paga uma fortuna para uma empresa estrangeira fazer um plano de saúde, acabando com o dos Correios.”
Para a categoria, a medida visa a “apenas criar pânico”, e faz parte da política de “terras arrasadas” adotada pelo governo de Michel Temer (PMDB). “A ECT não precisava fazer isso, mesmo se tivesse problema de caixa de verdade. As férias terão de ser pagas de qualquer jeito, pois a lei obriga, e não envolvem tanto dinheiro assim para uma empresa do tamanho desta”, afirma. “Essa é a receita do governo Temer”, continua o sindicato.
“Temer quer desregulamentar o trabalho, acabar com a legislação que protege o trabalhador, acabar com a Previdência pública e acabar com as estatais, privatizar tudo. É um governo que está agindo para favorecer ao máximo as empresas e empresários, principalmente estrangeiros (…) E os 'paus mandados' de Temer na direção da ECT querem fazer direito o trabalho sujo, acabando com direitos dos trabalhadores, reduzindo os custos com mão de obra, deixando a empresa enxuta e rentável para privatizar”, afirma o sindicato, ao acusar o governo de abrir espaço para multinacionais do setor postal, como a DHL, Fedex e UPS.
A categoria encontra-se em estado de greve desde o dia 15 contra as medidas. “A greve é contra o governo Temer e suas propostas de reforma da Previdência e Trabalhista, que acabam com direitos dos trabalhadores. E contra a direção dos Correios, que com sua intenção de cobrar mensalidade no plano médico também acaba com um direito conquistado com muita luta pela categoria”, completa a entidade.