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Chapéu
Geração Comprometida

Banco Mundial está preocupado com futuro da juventude no Brasil

Linha fina
Segundo relatório, jovens estão sem perspectiva de futuro e não estão preparados para acompanhar a revolução digital 4.0
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Foto: Liudmyla Boichenko

São Paulo – Pesquisa divulgada pelo Banco Mundial (Bird) mostra que a juventude, entre 15 e 29 anos, enfrenta um cenário ruim no Brasil: 52% dos jovens perdem o interesse pelos estudos e correm risco de não conseguir se inserir no mercado de trabalho.

Segundo o relatório, as causas são um sistema educacional falho e pouco conectado com as necessidades do setor privado. Em 2015, o Banco Mundial já havia alertado para o problema quando mostrou que apenas 38% dos adolescentes estavam na série correta, e metade dos jovens ao chegar aos 18 anos já está fora da escola.

O relatório do Bird ainda revela que com o rápido envelhecimento da população, o Brasil  pode estar perdendo a última parcela significativa de jovens ingressando na população ativa do país e o potencial de produtividade e competitividade do mercado brasileiro será cada vez mais determinado pela atual juventude.

“É preocupante esse alerta, o próprio relatório mostra que a nossa juventude está sem perspectiva de futuro e não está preparada para acompanhar a revolução digital e industrial 4.0. E isso só atrasa o país no ranking da competitividade. Acreditamos que aprimorar o ensino seria uma grande oportunidade de mudar esses números”, comenta Lucimara Malaquias, dirigente do Sindicato e vice-presidenta de Juventude da UNI Americas, braço do sindicato mundial UNI Global Union.

Apesar da dificuldade dos jovens com o ensino, Bird já sugeriu que o ensino superior fosse privado

Mas ao invés de seguir o modelo de países mais desenvolvidos, que seguem um plano de investimento na educação com ensino presencial, integral e gratuito, o governo Temer quer precarizar ainda mais a educação no país ao liberar até 40% da carga horária total do ensino médio para ser realizada à distância. Para a educação de jovens e adultos, a proposta é permitir que 100% do curso seja fora da escola. Essa proposta saiu do Conselho Nacional de Educação e faz parte da Reforma do Ensino Médio, aprovada pelo Congresso Nacional em fevereiro de 2017.

“Somos contra essa proposta do ensino à distância, até porque é na escola com a convivência social que os jovens aprendem a lidar com as diferenças, que se desenvolvem e vivem uma realidade coletiva. Não podemos baixar a guarda para o governo”, diz a dirigente, acrescentando que há sérios problemas de estrutura nas escolas e o acesso à internet ainda não é realidade para grande parte da juventude.

Mas ao mesmo tempo em que se preocupa com a educação dos jovens, o Bird havia sugerido ao governo Temer o fim do ensino superior gratuito no Brasil, alegando que os estudantes de renda média e alta poderiam pagar os estudos.

O Banco Mundial se baseou no fato de que 65% dos estudantes das instituições de ensino superior federais estão na faixa dos 40% mais ricos da população e que, após formados, tenderiam a ter um aumento de renda.

“Achamos essa sugestão absurda. Não é privatizar o ensino superior que vai resolver o problema do gasto público no Brasil. O governo deveria investir e desenvolver mecanismos para que mais alunos pobres tenham acesso cada vez maior ao ensino superior gratuito. E assim, acreditamos que inverteria o percentual de 65% ricos contra 35% pobres”, finaliza.

 

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