São Paulo – A execução covarde da vereadora do Rio de Janeiro e ativista dos direitos humanos Marielle Franco (PSOL) teve grande repercussão na imprensa internacional. Veículos dos EUA, Reino Unido, Venezuela, Peru, Portugal e Chile destacaram o assassinato da parlamentar e sua história de luta. Marielle, que em 28 de fevereiro foi nomeada relatora da Comissão da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro que vai acompanhar a intervenção federal na cidade, havia denunciado, quatro dias antes de ser morta, a violência policial na comunidade de Acari.
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Nos EUA, o crime apareceu em reportagens do New York Times, Washington Post e da emissora ABC. "Um membro da Câmara da cidade e seu motorista foram mortos a tiros por dois assaltantes não identificados em uma rua no centro, no Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do Brasil, onde militares foram convocados há um mês após uma onda de violência", diz o texto, com origem na agência de notícias Associated Press.
Já a venezuelana teleSUR destacou o fato de que Marielle era uma das vozes mais “combativas contra a ocupação militar das favelas do Rio de Janeiro”. “Um dia antes de seu assassinato, a jovem socióloga havia denunciado a ação brutal e os contínuos abusos de direitos humanos por parte do exército na região de Irajá, na comunidade de Acari”, relata.
Por sua vez, o britânico The Guardian ressaltou que Marielle era ativista e especialista na violência praticada pela PM em comunidades cariocas. Além disso, o jornal reforça que a vereadora chegou a acusar policiais de serem agressivos ao abordar moradores de favelas do Rio. "Marielle Franco, vereadora e crítica da polícia, é executada a tiros no Rio", diz o título da matéria.
O jornal peruano El Comercio relatou o crime e também destacou que a vereadora era crítica da intervenção federal.
O Esquerda.net, site portugês, afirmou que o Movimento Feminista por Todas Nós vai organizar uma vigília em Lisboa, no próximo dia 19, para homenagear Marielle.
O chileno El Desconcierto noticiou o crime como "mais um capítulo de sangue e dor" na história da "violência política do Brasil". O periódico ainda registrou a atuação militante pelos direitos humanos de Marielle e afirmou que "hoje, o continente inteiro amanhece de luto".
Além de repercutir em veículos de imprensa de todo o mundo, o assassinato da vereadora carioca suscitou declarações de autoridades como o italiano Maurizio Giuliano, diretor do Centro de Informações da Organização das Nações Unidas para o Brasil, com sede no Rio de Janeiro.
"No Brasil, um jovem afrodescendente é morto a cada 21 minutos (...) Apesar de chocante, e certamente chocar os seguidores de Marielle, muito infelizmente isso reflete as estatísticas", disse Giuliano em entrevista à BBC Brasil. "Acreditamos que as autoridades brasileiras vão trazer à luz o que aconteceu e por quê. Mas, de forma ampla, em todo o mundo, nós estamos preocupados com os desafios e riscos que defensores dos direitos humanos enfrentam”, acrescentou o diretor da ONU.
No Twitter, artistas, políticos, intelectuais e ativistas prestaram solidariedade após a morte de Marielle. Veja algumas manifestações: