O Dia Internacional dos Trabalhadores, celebrado no próximo domingo, 1º de maio, será marcado por diversas manifestações em todo o país. Trabalhadores e trabalhadoras, nas ruas e nas redes, estarão mobilizados nos atos, que neste ano terão como tema “Emprego, Direitos, Democracia e Vida”.
Em uma série de reportagens, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região abordará cada uma das bandeiras de luta definidas pelas centrais sindicais para os atos deste ano, que serão presencias pela primeira vez desde o início da pandemia. Nesta quarta reportagem da série, é abordado o tema da democracia, que está em permanente ameaça pelo governo de Jair Bolsonaro.
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Derrocada democrática
Desde 2016, com o golpe contra a ex-presidenta Dilma Roussef, eleita democraticamente com mais de 54,4 milhões de votos, o país vive uma derrocada democrática. Derrocada esta que passa pela proibição da candidatura do ex-presidente Lula nas eleições de 2018, situação considerada pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU - em decisão divulgada quarta (27) mas oficializada quinta (28) - uma violação aos direitos políticos do ex-presidente, o que culminou na eleição de Jair Bolsonaro.
ONU cobra governo Bolsonaro por ameaças à democracia
No último dia 16 de abril, o Comitê de Direitos Humanos da ONU enviou documento cobrando explicações do governo federal por ameaças à democracia e aos direitos humanos nos últimos 3 anos.
De acordo com informações do jornalista do UOL Jamil Chade, que teve acesso à carta, o documento lista os ataques de Jair Bolsonaro ao poder judiciário, o desmonte das ações de combate à corrupção, o corte de recursos para programas de apoio à mulher, a propagação de discursos de ódio, além de investidas contra indígenas, população negra, imprensa, a violência policial, entre outras suspeitas de violações.
Segundo reportagem do UOL, o governo brasileiro já havia enviado explicações para a ONU, mas em sua resposta somente abordou supostas violações ocorridas até 2018. Ou seja, antes da gestão de Jair Bolsonaro.
Ataques contra as eleições
Mesmo vencedor das eleições de 2018, desde o início do seu mandato como presidente, Jair Bolsonaro profere ataques levianos, sem apresentar qualquer prova, contra o sistema eleitoral brasileiro.
Nesta última semana de abril, Bolsonaro voltou a atacar a lisura das eleições, cobrando que o Tribunal Superior Eleitoral responda às “sugestões” das Forças Armadas para o pleito deste ano. Entre as “sugestões” citadas por Bolsonaro, estaria uma contagem de votos paralela à do TSE, realizada pelas Forças Armadas.
Trabalhadores na defesa da democracia
De acordo com a presidenta do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva, Bolsonaro tenta desde o início do seu mandato desacreditar o sistema eleitoral para que, em caso de ser derrotado nas urnas, leve a cabo um golpe contra a democracia.
“Bolsonaro, com seus recorrentes ataques ao sistema eleitoral e à democracia brasileira, tenta preparar o terreno, manter sua base de seguidores aquecida, para que possa permanecer no poder mesmo derrotado nas urnas. Já atacou as urnas eletrônicas, já sugeriu o voto impresso, e agora pede uma contagem paralela de votos pelas Forças Armadas. Tudo para criar um clima de suspeição do pleito em caso de um resultado que não seja a sua vitória”, enfatiza Ivone.
“Nós, trabalhadores e trabalhadoras, vamos às ruas neste 1º de maio para mostrar que não aceitaremos mais ataques à democracia por parte de Jair Bolsonaro. Vamos derrotá-lo nas ruas para salvar a nossa democracia. Afinal, não há democracia quando os direitos dos trabalhadores, mulheres, indígenas, negros e a liberdade de imprensa não são respeitados. Derrotar Bolsonaro é salvar a democracia. Nos vemos no 1º de maio”, conclama a presidenta do Sindicato.
Ato em São Paulo
Na capital paulista, o ato do 1º de maio será na Praça Charles Muller (Pacaembu), a partir das 10h, com atrações como Daniela Mercury, Dexter, Francisco El Hombre e KL Jay, entre outras.