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Atentado de Suzano mostra que a barbárie está entre nós

Linha fina
Dois jovens efetuaram disparos dentro de uma escola em Suzano matando ao menos oito pessoas na manhã da quarta-feira 13
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Dois jovens, um de 17 anos e outro de 25, efetuaram disparos dentro de uma escola em Suzano (Grande São Paulo) matando ao menos oito pessoas na manhã da quarta-feira 13, segundo informações da Polícia Militar. Os dois atiradores cometeram suicídio.

“Nos solidarizamos com as famílias dos estudantes mortos e feridos, assim como com toda a comunidade da escola estadual Professor Raul Brasil. Uma tragédia como essa nos faz questionar a nossa condição humana. Se estamos avançando ou regredindo enquanto sociedade”, diz a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.

“Até bem pouco tempo atrás atentados a tiros em escolas dos EUA nos pareciam uma realidade distante. Porém, nos últimos anos avançamos muito rapidamente para a banalização da violência, para o culto às armas e para a agressão como única forma de resolução de conflitos e divergências. Incentivados por um discurso de ódio irresponsável, armamentista, proferido por pessoas que ocupam espaços de poder. A tragédia de Suzano infelizmente chega até nós como um alerta. Estamos no caminho certo?”, acrescenta.

Em 2016, 43,2 mil pessoas foram mortas por armas de fogo no Brasil, número que colocou o país no primeiro lugar na última edição do ranking mundial de mortalidade por armas publicado pelo Global Burden Disease, órgão da Organização Mundial da Saúde. Nos Estados Unidos, segundo colocado no ranking, as armas mataram 37,2 mil pessoas no mesmo período. Somados, Brasil, EUA, México, Colômbia, Venezuela e Guatemala são responsáveis por mais da metade (50,5%) dos assassinatos em todo o mundo. As populações destes seis países, somadas, não correspondem nem a 10% da população mundial.

“Mais armas realmente é a solução? O exemplo dos EUA mostra que não”, enfatiza Ivone.

No Brasil, o número de mortes por armas de fogo aumentou muito desde 1990, indo de uma estimativa de 27,3 mil para os 43,2 mil registrados em 2016. Porém, após uma explosão de mortalidade até meados dos anos 2000, houve redução no índice, que se manteve estável desde o Estatuto do Desarmamento.

Posse de armas

A política armamentista voltou ao foco do noticiário após o presidente Jair Bolsonaro, em 15 de janeiro, assinar decreto flexibilizando a posse de armas. O texto permite ao cidadão residente em área urbana ou rural manter até quatro armas de fogo em casa.  

Ao estabelecer como critério para a posse de armas a residência em estados com índices anuais de mais de dez homicídios por cem mil habitantes, segundo dados de 2016 apresentados no Atlas da Violência 2018, o decreto na prática facilita a posse de armas de fogo em todo o território nacional.

Com o trabalho citado como critério no próprio decreto de flexibilização da posse de armas, especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entidade responsável pelo Atlas da Violência, lamentaram a medida do presidente Jair Bolsonaro.

“Trata-se de uma aposta na violência, uma vez que existem evidências bastantes robustas dentro do debate sobre segurança pública que, quanto mais armas, mais crimes. A prioridade do governo deveria ser melhorar seus próprios instrumentos de controle de circulação de armas de fogo. Basta dizer que 94,9% das armas apreendidas em 2017 não foram cadastradas no sistema da Polícia Federal (SINARM) e 13.782 armas legais foram perdidas, extraviadas ou roubadas, o que equivale a 11,5% das armas apreendidas pelas polícias no mesmo ano. É como se um mês de trabalho das polícias tivesse se perdido”, critica a entidade em nota.

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