Estudo recém divulgado sobre a 181 trechos de rios e corpos d’água, apenas no perímetro da Mata Atlântica, expôs que a qualidade do recurso mineral de 95% deles está comprometida, oscilando entre regular e péssima, o que deve ampliar a vulnerabilidade das populações pobres à pandemia de coronavírus no Brasil
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“Isso mostra que estamos em um estado muito ruim ainda no cuidado com a água das cidades, a que está próxima das populações”, destaca o educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica César Pegoraro, em entrevista à repórter Dayane Pontes do Seu Jornal, da TVT.
Além da baixa qualidade das águas que chegam à população, existem regiões que mal têm acesso à água potável, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Pelo menos duas, em cada cinco pessoas no mundo, não têm água para lavar as mãos e, em tempos de pandemia, essa população fica ainda mais vulnerável.
“A população improvisa o armazenamento de água e improvisa o próprio acesso à água. Isso cria uma condição muito precária nesses bairros populares”, afirma a integrante do Conselho de Orientação do Observatório Nacional dos Direitos Humanos à Água e ao Saneamento (ONDAS) Luciana Ferrara, apontando para o contexto brasileiro.
“O coronavírus, e a mídia está colocando isso, ele escancara o problema da desigualdade social estrutural no país e os mais afetados (pela doença) serão os mais pobres e a população de baixa renda”, adverte a especialista. “A gente não vê, entre as medidas que estão sendo divulgadas, ações voltadas especificamente para as favelas e as ocupações”, contesta.
Hoje no país, 54% dos brasileiros não têm acesso a coleta de lixo e 34 milhões não têm água encanada, apesar de sucessivos compromissos firmados pelo Brasil. Para os especialistas, esse momento de pandemia confirma que é o poder público que deve garantir saneamento básico à população.