Pular para o conteúdo principal

CUT debate relatório final de comissão da verdade

Linha fina
Recomendações devem resgatar a história e apontar no caminho da justiça e reparação aos militantes que resistiram ao golpe e seus familiares
Imagem Destaque

São Paulo - Dirigentes que integram a Comissão Nacional ‘Memória, Verdade e Justiça’ da CUT (Central Única dos Trabalhadores) avaliaram positivamente as ações realizadas por todo o Brasil em repúdio aos 50 anos do golpe militar de 1964.

Em reunião na quinta-feira 10, na sede da CUT, ressaltaram também a importância da continuidade dos trabalhos da Comissão para ouvir depoimentos, aprofundar as pesquisas e denunciar os crimes cometidos contra a classe trabalhadora durante o regime militar.

A partir dos 11 pontos que orientam o trabalho do GT13 ‘Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical’ no âmbito da CNV (Comissão Nacional da Verdade), foi deliberado o foco em quatro eixos centrais para construir, dar agilidade e precisão ao relatório final: levantamento dos sindicatos que sofreram invasão e/ou intervenção e dirigentes sindicais que foram cassados, presos, torturados e assassinados durante o golpe; vinculação das empresas com a repressão; legislação antissocial e antitrabalhista; reparação moral e financeira.

“Esperamos incidir no relatório final da CNV para que algumas recomendações sejam incluídas como a punição aos agentes de Estado que torturaram, mataram, e fizeram desaparecer corpos de militantes, uma lei que garanta o direito de greve no serviço público, autonomia e liberdade sindical, ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) - contra a demissão imotivada -, a retirada de logradouros públicos, como escolas e avenidas, dos nomes de militares e agentes que apoiaram e participaram do golpe, mas principalmente a revisão da Lei de Anistia com a revogação do artigo 1º e seu Parágrafo 1º que se refere aos crimes conexos e garante a autoanistia aos militares”, declarou Expedito Solaney, secretário de Políticas Sociais da CUT.

Como na primeira reunião da Comissão da CUT realizada no final de agosto do ano passado, o advogado da Central e de diversos trabalhadores presos e atingidos pela Lei de Segurança Nacional, Luiz Eduardo Greenhalgh, voltou a externar sua preocupação quanto ao relatório final da CNV. “Não pode ser um relatório da mesmice, superficial. Seus resultados precisam ser superiores a todas as outras iniciativas anteriores”, destacou.

Para ele, a Comissão da Verdade é desmoralizada quando convoca militares e estes assumem seus crimes e mesmo assim saem impunes, livres e enfrentando os familiares. “O crime de desaparecimento forçado, por exemplo, é imprescritível até que se encontrem os restos mortais das pessoas. É, portanto, papel da CNV buscar o esclarecimento desses casos, já que ainda existem 144 desaparecidos, e orientar a punição de quem cometeu tais crimes”, afirmou.

O relatório final da CNV será entregue em dezembro de 2014. A Comissão da CUT defende a criação de um comitê nacional de acompanhamento dos resultados.

Outro ponto debatido foi a participação dos membros da Comissão da CUT na reunião do GT dos Trabalhadores da Comissão Nacional da Verdade que ocorrerá no dia 15 de abril. Ficou definida também a construção de um seminário em conjunto com a CSA e AFL-CIO para levantar informações sobre como a Operação Condor atuou contra a classe trabalhadora.


William Pedreira - 14/4/2014

seja socio