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“Fui algemado pela PM por lutar pela educação”

Linha fina
Professor Wanderlei Nepomuceno foi preso dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo, pouco antes da audiência no plenário
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São Paulo - A greve dos professores completa exatos 41 dias nesta sexta-feira 24, quando também ocorrerá a sétima assembleia da categoria, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, a partir das 14h.

Neste ano, porém, a luta tem caso emblemático: a prisão do professor Wanderlei Nepomuceno, dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), minutos antes da audiência no plenário Juscelino Kubitschek, na quarta 22. O educador também é responsável pela organização da categoria em Mauá, Grande São Paulo.

Wanderlei relata que havia uma grande fila de professores e a polícia informou que só entrariam as 20 primeiras pessoas, pois o auditório já estava lotado. “Eu estava entre os 20 e vi que os professores reagiram com indignação. Depois de tantos dias de greve, eles só queriam participar, estava difícil conter a pressão”

Segundo Wanderlei, uma das tarefas que assumiu como dirigente sindical era de dialogar com a categoria para que a entrada, ainda em negociação entre sindicato e polícia, fosse pacífica. Uma parte dos trabalhadores já estava no plenário. “Começou o tumulto e, então, um policial militar me puxou, me deu uma gravata e me colocou num corredor ao lado do plenário. Ali mesmo me deu voz de prisão. Me levaram arrastado pelo chão até o elevador. Eu não entendia porque tanta violência já que não reagi a nada.”

O professor explica que parte da preocupação estava com a esposa que havia ficado sozinha enquanto era levado. Ela também é professora da rede estadual. Depois de ter sido encaminhado a uma unidade da polícia dentro da Alesp, foi algemado com as mãos para trás. “Eu dizia que não sou bandido para ser preso”, criticou.

Os deputados estaduais petistas, professor Auriel e João Paulo Rillo, foram avisados pela diretoria do sindicato e acompanharam a situação. Logo depois da denúncia, a PM tirou a algema de Wanderlei, a pedido dos parlamentares, e o professor foi encaminhado para o 36° DP da capital, na Vila Mariana.

“Prestei depoimento junto com duas testemunhas. O policial também prestou e disse que eu havia quebrado um totem de vidro que estava no corredor da Alesp, mas como faria isso se estava imobilizado?”, questionou

Após ser liberado, o professor fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e aguarda comunicado da polícia para dar novo depoimento. A luta para Wanderlei, que estará na assembleia desta sexta, e para os demais educadores, continua em São Paulo.


Vanessa Ramos, da CUT São Paulo - 24/4/2015

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