São Paulo – Indígenas de todo o Brasil montaram acampamento na segunda 24 em Brasília. O objetivo é se estabelecer na Esplanada dos Ministérios até sexta-feira 28 e denunciar o que classificam como “a maior ofensiva contra os povos tradicionais dos últimos 30 anos". O que começou como uma ocupação pacífica terminou em confronto. A Polícia Legislativa atacou os indígenas com bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha.
A agressão começou após os mais de 3 mil indígenas tentarem realizar um protesto simbólico, colocando caixões no espelho d'água em frente ao Congresso Nacional. As reivindicações dos presentes englobam a paralisação das demarcações de terras, o enfraquecimento da Fundação Nacional do Índio, promovida pelo presidente Michel Temer (PMDB), além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere a responsabilidade das demarcações do Executivo para o Legislativo.
Em defesa dos indígenas, mais de 25 artistas lançaram ontem a canção de protesto Demarcação Já. Participam grandes nomes da música nacional, como Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Zeca Pagodinho, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Lenine, Elza Soares, Lirinha, Edgard Scandurra, Zélia Duncan, Criolo, Margareth Menezes e Céu, entre outros. “Depois de mais de cinco séculos e de n ciclos de etno genocídios, o índio vive meio a mil flagelos, já tendo sido morto”, canta Chico César.
“Os indígenas foram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia legislativa, quando caminhavam pacificamente até o Congresso em ato que pede o fim do genocídio indígena e o respeito à constituição e aos direitos dos povos originários”, denunciou a deputada federal Luíza Erundina (Psol-SP). Uma das reivindicações dos indígenas é a saída do ministro da Justiça, Osmar Serraglio.
De acordo com a organização, o Acampamento Terra Livre 2017 busca “unificar as lutas em defesa do Brasil indígena, além de reunir em grande assembleia lideranças dos povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil para discutir e se posicionar sobre a violação dos direitos constitucionais e originários dos povos indígenas e das políticas anti-indígenas do Estado brasileiro”. Os indígenas agora se reorganizam para manter a programação do acampamento.