São Paulo – A capital paulista ainda conserva 39 nomes de ruas que homenageiam torturadores e que infringiram os direitos humanos. Para lembrar esse legado, alguns desses nomes – menos conhecidos da maioria da população – foram trocados, na sexta-feira 31, por de ditadores reconhecidos mundialmente, em ação que lembrou os 53 anos do golpe de 1964, no projeto denominado Ruas da Vergonha.
A Praça General Milton Tavares de Souza, localizada na região da Vila Maria, zona norte da capital, recebeu o nome de General Augusto Pinochet, ditador chileno entre 1973 e 1990. Tavares de Souza foi responsável pelos DOI-Codi, em todo o Brasil, no ano de 1969, e também pela Operação Marajoara, que resultou no desaparecimento forçado e na ocultação de cadáveres de membros da Guerrilha do Araguaia, que lutavam contra a ditadura. As ações foram realizadas pelo Núcleo Memória.
Já o delegado Sérgio Paranhos Fleury, que serviu no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo e comandou diversos casos de detenção ilegal, tortura e execução, como nas mortes de Carlos Marighella, Carlos Lamarca e Frei Tito, é nome de rua na Vila Leopodina, zona oeste de São Paulo.
Em substituição aos torturadores, as ruas foram temporariamente batizadas com os nomes de Adolf Hitler, Benito Mussolini, Jorge Rafael Videla (Argentina), Pol Pot (Camboja) e Saddam Hussein, com o alerta: "Quem matou ou torturou não pode virar nome de rua ou avenida". É um convite para que as pessoas participem de abaixo-assinado para que os nomes sejam retirados.