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Chapéu
10% a mais

Demissões aumentam lucro do Bradesco no 1º trimestre 

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Resultado de R$ 5 bilhões representa aumento de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado e foi acompanhado da redução de 9 mil postos de trabalho em 12 meses
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Foto: Jailton Garcia

O Bradesco atingiu lucro líquido recorrente de R$ 5,1 bilhões no primeiro trimestre de 2018, alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado pelo aumento das receitas de prestação de serviços e pela diminuição das despesas operacionais de pessoal e administrativas.

Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato e bancária do Bradesco, critica o crescimento do lucro enquanto o número de postos de trabalho diminui e a sobrecarga de trabalho aumentam. “Isso leva a piora do atendimento e a reclamações de clientes contra a falta de funcionários para melhor atendê-los.”

O número de empregados da holding caiu para 97.593, redução de 9.051 postos de trabalho comparado a março de 2017, influenciado fortemente pelo PDVE (iniciado em agosto de 2017) com adesão de 7,4 mil empregados. Somente nos últimos três meses, foram eliminados 1.215 postos de trabalho.

Bancos demitem e contratam com salários mais baixos

A diminuição de vagas resultou no aumento da sobrecarga de trabalho para os bancários remanescentes. Em março de 2017, o Bradesco tinha 864 clientes por empregado. Um ano depois, essa relação cresceu ainda mais: 964 clientes para cada empregado. Aumento de 11,6%.

A receita de prestação de serviços e tarifas cobradas dos clientes aumentou 4,3% em 12 meses (R$ 6,036 bilhões). Somente com esse valor, o Bradesco paga todos os seus empregados (R$ 4,635 bilhões) e ainda sobra R$ 1,4 bilhão. 

“Recentemente tivemos protestos nas regiões sul e leste, com apoio da população, exigindo melhores condições de trabalho e mais funcionários para melhorar o atendimento e poupar a saúde dos bancários. Essas manifestações tendem a aumentar, pois a falta de funcionários é reclamação recorrente em várias unidades”, acrescenta a dirigente.

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O Bradesco também fechou centenas de agências em 12 meses, passando de 5.122 unidades, em março de 2017, para 4.708, 12 meses depois: redução de 414.  

Sobrecarga e piora no atendimento para muitos e mais ganhos para poucos

Se os clientes encararam a piora no atendimento e os funcionários enfrentam a sobrecarga causadas pelo cortes de postos de trabalho, para os diretores do Bradesco a história foi outra. Os 96 executivos do banco receberam cerca de R$ 6,5 milhões em 2017 (10% a mais do que em 2016), valor que representa 122 vezes mais do que escriturário ganhou no ano (R$ 53,4 mil).

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Menor inadimplência 

O lucro também foi impactado pela redução nas despesas com Provisão de Devedores Duvidosos (Expandida), conforme revela a melhora dos principais indicadores de qualidade da carteira. 

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido ficou em 18,6% no primeiro trimestre de 2018, aumento de 0,3 pontos percentuais em comparação ao 1º trimestre de 2017.

O total de ativos do banco ficou em R$ 1,303 trilhão, variação de 0,7% em doze meses, e o patrimônio líquido somou R$ 113,8 bilhões, variação de 8,8%.

A carteira de crédito expandida totalizou R$ 486,645 bilhões, queda de 3,2% em doze meses devido ao segmento PJ, que teve redução de 6,5% em um ano, totalizando R$ 308,831 bilhões, impactadas principalmente pelas linhas de repasse do BNDES (20,8%) e operações no exterior (15,5%). 

A carteira PF cresceu 3,5%, somando ao final do primeiro trimestre de 2018 R$ 177,8 bilhões, impulsionada pelo crédito consignado (13,4%) e pelo CDC/Leasing de veículos (10,5%);

A inadimplência acima de 90 dias manteve a tendência de queda e ficou em 4,39%, (menos 1,21 ponto percentual) em relação a março de 2017 (5,6%). A queda se deveu principalmente ao comportamento do segmento de pessoas físicas (-1,63 ponto percentual), micro, pequenas e médias empresas (-2,18 pontos percentuais). A despesa de PDD também caiu no primeiro trimestre de 2018 e somou R$ 4,759 bilhões, queda de 44,7% em relação ao mesmo período de 2017. 

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