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Chapéu
Desrespeito!

Médico do Itaú rejeita atestados e obriga trabalho com dor

Linha fina
Várias denúncias de funcionários do Ceic chegaram ao Sindicato, que está cobrando providências do banco; um bancário teve de trabalhar sofrendo até o dia da cirurgia
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Arte: catalin205/123rf

Sob a alegação de que o pedido de afastamento do ortopedista “não foi plausível” e que a dor que o bancário sente “não faz sentido”, o médico Marcos Alexandre Sanches da Costa obrigou um trabalhador a exercer suas atividades, no Itaú, até o dia da cirurgia.

Marcos, médico do trabalho contratado pelo banco para atuar no Ceic, é alvo de uma série de denúncias de bancários ao Sindicato. Os trabalhadores alegam que os atestados apresentados, por meio dos quais outros médicos solicitam afastamento pelas mais diversas razões, são negados por Marcos.

“O Itaú está descumprindo um compromisso que assumiu com o Sindicato, em agosto de 2016, quando da mudança das regras sobre os atestados”, afirma a dirigente sindical Elaine Machado. “À época, o banco disse que a intenção da Avaliação Clínica Complementar para atestados de cinco dias ou mais de afastamento não era contestar as licenças médicas. No entanto, é exatamente isso que está acontecendo no Ceic”, critica a diretora do Sindicato.

Ela mesma já foi alvo dessa situação que coloca em risco a saúde dos bancários do Itaú. “Eu tinha uma dor muito forte no pulso, questionei se poderia ser Síndrome do Túnel do Carpo [uma lesão por esforço repetitivo] e o retorno do médico do banco foi categórico: de jeito nenhum. Nem um exame pediu. Como as dores continuaram, procurei um ortopedista que após a realização de eletroneuromiografia, constatou a síndrome”, relata Elaine.

Problemão para os trabalhadores

O empregado que teve seu atestado negado havia sido afastado por seu médico pessoal por 12 dias. Marcos Costa, no entanto, rejeitou o atestado e pediu um relatório. O bancário teve de faltar novamente ao trabalho para pegar esse documento, já que mora em Mongaguá e lá é a clínica onde faz seu tratamento. Mesmo com o relatório em mãos, Marcos negou novamente o afastamento.

Como a dor persistiu, o trabalhador procurou um pronto-socorro em São Paulo que determinou licença de sete dias. O médico do trabalho do Itaú voltou a recusar. O bancário teve de trabalhar mesmo exposto ao sofrimento da dor até a cirurgia, que foi realizada em 19 de abril.

“Estamos cobrando do Itaú que reoriente esses médicos do trabalho que agem dessa maneira desumana”, diz Elaine.

A dirigente relata outro caso, de uma bancária que foi considerada apta ao trabalho pelo médico e encaminhada para reabilitação, mesmo tomando medicamentos fortes e com dificuldade de locomoção.

“Esses bancários que voltam ao trabalho sem condições físicas e emocionais, ficam sujeitos à demissão em curtíssimo prazo, já que o programa de reabilitação não prevê estabilidade a esse empregado que não consegue atender às demandas do Itaú, como cumprimento de metas. Cobramos que o banco respeite o compromisso assumido com o Sindicato em 2016. Caso contrário, teremos de tomar outras medidas. Não vamos aceitar esse desrespeito. Estamos no aguardo de uma posição do Itaú, mas até agora não tivemos retorno.”

Denuncie ao Conselho Regional de Medicina

O médico do Itaú cita para os bancários uma lei de 1949 para contestar o atestado emitido por outros colegas. A legislação tão antiga ainda existe, mesmo num contexto em que o mundo do trabalho foi totalmente alterado.

A reportagem do Sindicato procurou o Conselho Regional de Medicina para saber se Marcos da Costa infringia o Código de Ética Médica. O Cremesp informou que o Código não prevê nada nesse sentido.

E colocou à disposição dos trabalhadores um endereço eletrônico para informações. “Para obter informações sobre como formalizar a denúncia neste Conselho, o denunciante pode entrar em contato com o Departamento de Sindicâncias do Cremesp, pelo [email protected].”

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