Mapeamento realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo revela que o governo de João Doria (PSDB) tem atualmente 50 obras paralisadas apenas na capital, com custo inicial estimado de R$ 33,5 bilhões. Outras 49 obras, que somam R$ 8,3 bilhões, estão atrasadas. Os empreendimentos contemplam diversas áreas, como habitação (4% do total), saúde (20,4%), educação (26,5%) e mobilidade urbana (42,8%). Não há previsão para regularização ou retomada das ações. O Metrô, com 26 obras, e a Universidade de São Paulo (USP), com 16, são os órgãos com mais problemas.
A reportagem é da Rede Brasil Atual.
No caso do Metrô, as obras paralisadas ou atrasadas somam aproximadamente R$ 13,3 bilhões. Boa parte das ações paralisadas se refere à extensão da linha 2-Verde (Vila Madalena-Vila Prudente) até a futura estação Presidente Dutra, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Os monotrilhos das linhas 17-Ouro (Congonhas-Morumbi) e 15-Prata (Vila Prudente-Cidade Tiradentes) são os que apresentam mais problemas com atrasos. Há ainda 12 obras da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), das quais 10 estão paralisadas, estimadas em R$ 1,5 bilhão.
Na educação, há 14 obras de reformas variadas em escolas estaduais paralisadas ou atrasadas, estimadas em R$ 7,7 milhões. E a USP tem atualmente 16 obras na mesma situação, estimadas em R$ 226 milhões. São empreendimentos que vão desde reformas e ampliações de campis até a construção de um edifício administrativo na região central da capital paulista.
A saúde tem 11 obras paradas, com custo estimado de R$ 163,7 milhões. O governo Doria está com reformas e adequações de laboratórios paradas na Fundação Butantan, estimadas em R$ 48 milhões, e no Hospital das Clínicas, ao custo de R$ 115 milhões. Neste, uma das ações paralisadas é a reestruturação de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
As ações de habitação do governo estadual na capital paulista se referem a construção de 485 unidades habitacionais cujas obras estão atrasadas, com custo estimado de R$ 35 milhões. A Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) tem atrasos em duas obras relacionadas à captação, tratamento e fornecimento de água, no valor de R$ 27,7 milhões. Uma delas é a constituição do reservatório de Pedreira, na zona sul, e a outra é construção de uma nova rede de distribuição de água na Penha, zona leste.
O mapeamento completo do TCE abrange as 656 cidades paulistas, relatando um total 1.677 obras atrasadas ou paralisadas, estimadas a um custo de R$ 49 bilhões. Os empreendimentos são de responsabilidade das prefeituras, do governo estadual ou de parcerias entre as esferas de governo.
O mapa pode ser acessado pela população e permite consultas por cidade, tipo de obra, órgão responsável, entre outros cruzamentos de dados.
Em nota, o governo Doria justificou que nenhuma das obras citadas foi iniciada ou paralisada na atual gestão. "Desta forma, os problemas apontados são anteriores à atual gestão, que herdou em janeiro de 2019 ao menos 175 obras paralisadas em todo o Estado, fato identificado durante a transição e que foi amplamente divulgado pela imprensa.
O Governo de São Paulo está empreendendo todos os esforços para a retomada dos trabalhos. Somente neste ano, foram entregues 1.739 unidades habitacionais, um piscinão e uma Estação de Tratamento de Esgoto em Franco da Rocha, 15 creches, 7 Delegacias da Mulher reformadas, 15 UBSs, 2 CAPS e um Bom Prato em São Bernardo do Campo.
Além disso, o relatório conta com erros, como no caso da Fundação Butantã. A reforma e ampliação da fábrica da vacina contra Influenza (gripe) foi realizada entre maio e setembro de 2018. Ela nunca esteve paralisada e a fábrica está em funcionamento desde setembro de 2018. Das 25 obras de creches com recursos da Educação estadual, três já foram retomadas e as restantes estão em negociação com as prefeituras, responsáveis pelas obras."