A inflação voltou a subir no mês de março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,75%. Entre os grupos que mais contribuíram para a alta dos preços estão os da alimentação e bebidas (1,37%) e transportes (1,44%). Juntos, estes dois grupos, que representam cerca de 43% das despesas das famílias, responderam por 80% do índice do mês, com impactos de 0,34% e 0,26% respectivamente.
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Este é o maior índice para o mês de março desde 2015 (1,32%) e acima 0,32% de fevereiro último (0,43%), segundo pesquisa divulgada na quarta-feira 10 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em março, os maiores aumentos no grupo de alimentos foram registrados no tomate (31,84%), batata-inglesa (21,11%), feijão-carioca (12,93%) e as frutas (4,26%).
O feijão, prato preferido pela maioria dos brasileiros é um dos produtos que mais vem registrando aumento. O feijão carioca acumula alta de 105% no primeiro trimestre deste ano, e de 135,04% nos últimos 12 meses.
O desmonte dos bancos públicos promovido pelo governo Bolsonaro tende a agravar a inflação dos alimentos. O Banco do Brasil responde por 60% do total do crédito agrícola, sendo responsável por financiar a agricultura familiar por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que produz 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, a juros módicos, que variam entre 2,5% e 5,5% ao ano. Sem o Pronaf, os agricultores teriam de pagar até 70% a mais de juros nos bancos privados.
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Em março, a atual gestão anunciou a redução da participação do Banco do Brasil no crédito agrícola. Segundo o jornal Valor Econômico, o intuito é diminuir o tamanho do banco público, “abrindo mais espaço para atuação de instituições financeiras privadas e para o mercado de capitais”. “Queremos fazer com o BB o que estamos fazendo com o BNDES”, disse ao periódico o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.
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“O sucateamento dos bancos públicos não traz benefício nenhum para a população. Favorece única e exclusivamente os bancos privados, que terão ainda menos concorrência em um setor extremamente concentrado, e dessa forma poderão cobrar os juros que julgarem convenientes visando o aumento dos seus lucros, penalizando toda a sociedade”, protesta Antonio Netto, dirigente sindical e funcionário do Banco do Brasil.
Em São Paulo, onde a variação do IPCA foi maior (0,78%) do que a média nacional (0,75%), uma pesquisa feita pela reportagem do Portal CUT pela internet mostra que os preços estão inviáveis para quem ganha até um salário mínimo.
O quilo do feijão carioca, por exemplo, está variando de R$ 9,79 a R$ 7,49. O quilo do tomate tipo italiano chega a custar R$ 14 e o a granel R$ 9,98. Já o quilo da batata ingelsa chega a R$ 14,15 nos supermercados da capital paulista.
As frutas também não estão com preços convidativos. O quilo da maçã Fuji chega R$ 8,68 e da banana nanica R$ 5,71.
O preço dos alimentos variou muito nas regiões do país – de 0,80% em Rio Branco (AC) a 3,38% em São Luís (MA) - uma diferença de 2,07%.
“A defesa dos bancos públicos é a defesa do crédito mais acessível para produção de alimentos, construção de imóveis e produção industrial. Essas atividades fomentam a economia e se traduzem em mais geração de empregos. A defesa dos bancos públicos é a defesa do bem estar dos brasileiros e por isso as instituições financeiras públicas devem ser preservadas e fortalecidas, e não atacadas como estão sendo no governo atual”, afirma João Netto.