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Pandemia

Coronavírus: Caixa, jornada nas agências também é questão sanitária!

Linha fina
Enquanto governo não demonstra intenção de resolver filas e pagamento para população, Sindicato recebe denúncias de desrespeito à jornada em algumas agências e também no trabalho remoto, além de outras irregularidades; empregados relatam o pior de trabalhar em meio à pandemia de coronavírus
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Foto: Seeb-SP

O Sindicato tem recebido diversas denúncias de desrespeito à jornada dos empregados da Caixa, tanto em algumas unidades como no trabalho remoto. Além disso, os trabalhadores relatam desvio de função, condições de trabalho inadequadas e desrespeito às medidas de proteção no atendimento à população.

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Um dos empregados da Caixa que entrou em contato com o Sindicato - que trabalha em esquema de rodízio semanal, uma semana em home office e outra em presencial - denunciou que mesmo nos momentos em que está atendendo na agência está registrado como trabalho remoto, o que o impede de bater o ponto. “Mesmo presencialmente, não bati o ponto e nem almocei. Por conta das filas gigantescas, o atendimento não se encerra às 14h. Por medo de confusão, já que os usuários estão nas filas por muitas horas, alguns até dormindo na porta do banco, deixam todos entrarem na agência quando dá 14h. O atendimento só termina quando todos forem atendidos”, desabafa o trabalhador

Sindicato está atuando nos locais de trabalho

A Caixa, cobrada pelo movimento sindical, diz que não é orientação do banco que empregados não batam o ponto nas agências. Segundo os representantes do banco, o gestor tem 48 horas para fazer com antecedência a alteração de remoto para presencial.

Outra reclamação dos empregados é que, por conta do quadro reduzido de empregados, agravado ainda mais por conta da pandemia, o desvio de função é prática recorrente.“Colocam gerente de atendimento na tesouraria para cobrir o empregado que foi afastado. Eu mesma fui colocada no caixa, função que não é a minha, que não quero fazer, que não tenho treinamento e experiência, e que no caso de um erro posso ser penalizada. Na minha agência, uma colega em quarentena teve de retornar para a agência para ensinar a função de tesouraria. Ou seja, não adiantou nada essa colega ter sido afastada por suspeita de coronavírus”, diz outra bancária da Caixa. 

A dirigente sindical e empregada da Caixa Vivian de Sá orienta que todos os empregados em trabalho presencial devem bater ponto e que a jornada deve ser respeitada. 

“A jornada deve ser respeitada durante a pandemia, tanto em trabalho remoto como no presencial. A Caixa alega que não é sua orientação que os empregados que estão nas agências não batam ponto. Portanto, nossa orientação é que esses trabalhadores não deixem, em qualquer hipótese, de registrar o ponto, até como uma forma de se resguardar de possíveis punições. O banco deve reforçar esse posicionamento junto aos gestores. Quanto aos trabalhadores em home office, apesar de não registrarem ponto, devem ter suas jornadas rigorosamente respeitadas”, enfatiza Vivian.

Condições de trabalho

Os empregados também relataram condições de trabalho inadequadas nas agências. “Mais um dia como os demais. App não funciona. As senhas/token gerados não funcionam. Siset que gera as senhas nada feito e bora todos pra dentro da agência! Filas imensas, estresse, imagem da Caixa, risco imenso de contágio de colegas e clientes”, indigna-se um bancário. 

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“A Caixa tem a obrigação de garantir condições de trabalho adequadas para todos os empregados, especialmente para os que estão na linha de frente do atendimento à população. Essa é a cobrança do Sindicato. É preciso que tudo que é alegado pelo banco se concretize na prática nos locais de trabalho”, enfatiza Vivian, reforçando também que deve ser mantido o rodízio semanal dos empregados.  

Governo não se importa com as pessoas

De acordo com o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis, a responsabilidade pela situação das agências da Caixa, que coloca em risco bancários e população, é do governo federal. 

“O governo subdimensionou a operação do auxílio emergencial. Primeiro, a intenção era não pagar. O governo queria que fosse apenas R$ 200, mas foi derrotado no Congresso. Previam que seriam 40 milhões de brasileiros que receberiam o auxilio. Porém, são mais de 70 milhões. Resultado do enorme contigente de trabalhadores informais, que por sua vez é resultado da reforma trabalhista e de outras medidas que precarizaram as relações de trabalho no país nos últimos anos. A descentralização do auxílio emergencial deveria ter sido feita com auxílio dos municípios e também dos demais bancos, públicos e privados. Essa situação de caos nas agências não é culpa dos empregados, e sim do governo e da própria direção da Caixa. É urgente que a mídia também evidencie isso, evitando que a revolta da população seja direcionada aos empregados da Caixa, que estão dando um verdadeiro exemplo de compromisso com a sociedade, ao contrário do governo”, afirma Dionísio.  

População só deve ir até agências em último caso

Atendimento agendado 

Alinhados com uma das principais reivindicações do Sindicato à Fenaban, todos os empregados da Caixa ouvidos pela reportagem sugerem que a Caixa adote um esquema para agendamento dos atendimentos nas agências. 

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“Poderiam fazer como ocorre em vários órgãos públicos como, por exemplo, o INSS. Atendimento somente mediante agendamento, respeitando a capacidade de cada agência, e organizando tudo dentro de um cronograma. Ao fazer o atendimento, o usuário já fica em contato com a Caixa e recebe orientações de como proceder quando for o momento de ir até a agência: uso de máscara, que não leve a família junto, que baixe o aplicativo do auxílio antes de ir até a agência, todos os documentos necessários”, sugere uma bancária.

“No mínimo, a Caixa deveria exigir que para entrar na agência o cliente esteja de máscara”, afirma outro colega. 

“Uma das principais reivindicações do Sindicato para todos os bancos - não só para a Caixa, mas que torna-se ainda mais fundamental no banco por conta do auxílio emergencial - é o atendimento apenas mediante agendamento. Essa medida permite que os clientes, que de fato precisam ir até as unidades, recebam toda a orientação necessária antecipadamente, evitando as enormes filas que temos visto diariamente, o que coloca em risco empregados e a população. Além disso, cobramos também uma campanha nos meios de comunicação sobre os procedimentos corretos para o auxílio emergencial. Existe um contigente gigantesco de pessoas se aglomerando nas filas sem qualquer necessidade”, diz o diretor do Sindicato. 

Quero Atender

Por fim, Dionísio orienta que os empregados não se inscrevam para voltar voluntariamente ao trabalho presencial através do site queroatender.caixa

“Preserve seu direito ao rodízio. A Caixa e os gestores não podem pressionar ninguém a voltar para a agência. A inscrição do empregado no site pode servir de pretexto para convocações para trabalho aos sábados, domingos e feriados. Se quer voltar para a agência por conta da ansiedade do home office ou qualquer outro motivo, converse com o seu gestor, não se cadastre no site. Os requisitos para trabalho aos sábados e feriados como, por exemplo, comunicação ao Sindicato, já estão sendo desrespeitados pela Caixa. A inscrição no site pode se tornar uma armadilha para o empregado. O bancário não é obrigado a voltar ao trabalho presencial, e a orientação é que o rodízio seja mantido por conta de uma crise sanitária que está colocando em risco a saúde não só dos trabalhadores, mas da população. Não existe voluntariado em uma relação de trabalho remunerado. Somos trabalhadores que devem ter o direito à saúde respeitado e condições de trabalho adequadas no exercício de nossas funções. Qualquer coisa diferente disso deve ser denunciada ao Sindicato. O sigilo é garantido”, conclui o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa. 

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