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Chapéu
Saúde

Dia em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho: debate no Sindicato lembra a data

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Mesa do debate sobre acidente do trabalho composta por Lucimara Malaquias, Valeska Pincovai e Pedro Tourinho

O 28 de abril, Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, foi lembrado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região com um debate sobre o tema, na manhã desta segunda-feira (29).

Antes da fala do palestrante convidado, o médico sanitarista e presidente da Fundacentro, Pedro Tourinho, a secretária-geral do Sindicato, Lucimara Malaquias, e a secretária de Saúde, Valeska Pincovai, destacaram a importância do tema para a entidade, que representa uma das categorias que mais adoecem psiquicamente por conta do trabalho.

“Levantamento feito por nós, com base nos dados do INSS, mostra que mais de 82% dos afastamentos por acidente e doença do trabalho de bancários na cidade de São Paulo deve-se a doenças mentais. Uma pesquisa feita pela Contraf, que ouviu quase 6 mil bancários e bancárias no país, mostrou que 80% deles já tiveram alguma doença relacionada ao trabalho e que 95% fez ou fazia uso de medicamento controlado. Aqui no Sindicato, a Secretaria de Saúde atende uma média de 100 trabalhadores por mês e em 90% dos casos as queixas são ansiedade ou depressão”, destacou Valeska Pincovai.

“Metas inatingíveis, cobranças abusivas, assédio moral e um ambiente tóxico e competitivo fazem parte da rotina de trabalho nos bancos e explicam essa epidemia mental”, acrescentou a secretária de Saúde do Sindicato.

Campanha dos Bancários 2024

A secretária-geral do Sindicato, Lucimara Malaquias, frisou a importância do tema saúde para a categoria e destacou que ele também assume um papel de destaque na Campanha Nacional da categoria, que já iniciou. “Há inclusive várias questões sobre saúde e condições de trabalho na nossa consulta nacional, que pode ser respondida pelos bancários e bancárias de forma on line. É muito importante que todos os trabalhadores respondam à consulta porque essas respostas depois serão tabuladas e servirão de base para a construção da nossa pauta de reivindicações, a ser entregue aos bancos.”

RESPONDA À CONSULTA AQUI  

Dados do INSS

A Secretaria de Saúde apresentou ainda outros números do levantamento sobre dados do INSS, feito com base na ferramenta Smart Lab, adotada pelo Ministério do Trabalho.

Em 2022, de todos os afastamentos de trabalhadores registrados no Brasil, apenas 6,65% foram reconhecidos pelo INSS como sendo por doenças mentais relacionadas ao trabalho, e outros 11,3% por doenças mentais não relacionadas ao trabalho.

Mas quando se faz o recorte da categoria bancária, esse percentual dá um salto. Apenas no estado de São Paulo (onde está concentrada a maioria dos trabalhadores bancários do país), 78,6% dos afastamentos de bancários foram por transtornos mentais e comportamentais reconhecidos como relacionados ao trabalho. É ainda maior na cidade de São Paulo, onde 82,2% dos afastamentos de bancários por doença do trabalho foram devidos a doenças mentais e comportamentais.

Subnotificação ainda é um desafio

Os dados, apesar de já alarmantes, podem ser ainda piores por conta da subnotificação. O presidente da Fundacentro destacou que a subnotificação de mortes, doenças e acidentes do trabalho ainda é um problema no Brasil.

Citando também dados do governo federal, ele destacou que a média de óbitos relacionados ao trabalho no Brasil é de 2.500 por ano, enquanto que os acidentes somam cerca de 600 mil por ano. E comparou com os dados dos EUA que, com cerca de 300 milhões de habitantes (no Brasil são cerca de 215 milhões), notificam em média 2,5 milhões de acidentes de trabalho por ano, e isso, destacou Tourinho, num país (EUA) que não é exemplo em legislação de proteção aos trabalhadores.

“Uma das razões para essa subnotificação no Brasil é a informalidade. Cerca de 40% da nossa força de trabalho está na informalidade”, ressaltou. Como exemplo ele deu o número de acidentes de trânsito envolvendo motos, que são cerca de 11 mil por ano. “Boa parte desses acidentes envolvem pessoas que trabalham como entregadores, mas esses acidentes não são computados como relacionados ao trabalho, por conta da informalidade. Se fossem, só isso faria o número de óbitos e acidentes do trabalho aumentar muito.”

Empossado na presidência da Fundacentro pelo atual governo, Tourinho destacou alguns desafios da entidade sob a nova gestão. “Estamos pensando sobre normas de saúde na fabricação dos dispositivos digitais, como o celular, por exemplo, que é hoje um dos principais meios de trabalho. Estamos lançando uma rede de agentes para trazer luz aos trabalhadores que estão fora da CLT, e montamos ainda um GT de saúde mental e trabalho na Fundacentro.”

Segundo ele, é um grande desafio enfrentar a subnotificação, a invisibilidade e o desconhecimento das relações do trabalho com a saúde, mas já houve avanços em relação à gestão anterior. “Sob o governo federal anterior, as metas institucionais impostas à Fundacentro foram revisar as normas de saúde e segurança do trabalho para reduzir os custos Brasil. Hoje estamos ampliando o número de auditores fiscais do trabalho para 900 mil a 1.200, por exemplo.” Criada em 1979, a Fundacentro é uma fundação pública do governo federal, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego, que tem por objetivo elaborar estudos e pesquisas sobre as questões de segurança, higiene, meio ambiente e medicina do trabalho.

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