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Sangue novo para próximas décadas de luta

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São Paulo - Felipe tem 26 anos. É bancário desde 2006, quando foi atraído por um salário que considerava bom o suficiente para custear a faculdade, além de outras despesas da sua vida pessoal. Jovem e animado, começou a trabalhar em uma agência bancária.

> Página especial com os perfis dos 90 anos

Não era o primeiro emprego da vida de Felipe. De família humilde, aos 13 anos já vendia coxinha nas ruas do bairro onde morava para ajudar na renda. Antes de ser contratado pelo banco, trabalhou em uma livraria. Ele é um dos cerca de 51 mil bancários de São Paulo, Osasco e região com menos de 30 anos. Os trabalhadores com essa faixa etária representam 35,9% da categoria na base do Sindicato.

Felipe é um nome fictício usado para preservar a história desse bancário que luta ao lado do Sindicato por mais conquistas, direitos e melhores condições de trabalho.

Em pleno século 21, ainda é preciso manter preservada a identidade de quem luta, já que muitos bancos desrespeitam o direito de mobilização dos trabalhadores. Mas Felipe, assim como outros milhares de bancários, existe e não desiste: sempre dá um jeito de participar das lutas da sua categoria.

O primeiro contato dele com o Sindicato foi logo no segundo dia de trabalho, quando um dirigente sindical entregava a Folha Bancária na agência. “Um dos chefes falou que eu era funcionário novo. Conversei e já me sindicalizei. Depois de dois meses descobri que poderia ter desconto na faculdade por conta da sindicalização, o que ajudou muito. Hoje sou formado em Administração.”

Em 2011, Felipe começou a frequentar os cursos de formação sindical promovidos pelo Sindicato. “A primeira vez foi sensacional. Fiquei surpreso com a quantidade de jovens, me identifiquei, fiz muitas amizades ali e troquei experiências.”

Foi em um desses cursos que Felipe descobriu que o que achava ser “benefício” do banco, na verdade é conquista dos trabalhadores: piso salarial, vales refeição e alimentação, PLR. “Eu não tinha noção alguma disso.”

Causa nobre – Mais bem informado sobre sua categoria, o jovem bancário começou a colocar a mão na massa e lutar por melhores condições de trabalho. Estava em uma unidade do Bradesco com funcionários que nunca haviam entrado em greve, quando se deu conta de que era essencial a mobilização para arrancar dos banqueiros o que queriam: aumento real, PLR maior, vales refeição e alimentação melhores. “Percebi que era muita agência para fechar e poucos dirigentes sindicais. Foi quando tive a consciência que nós bancários é que devemos nos articular e engrossar a greve para pressionar o banco.”

Não foi fácil. As conversas sobre a campanha entre os colegas aconteciam sempre fora do ambiente de trabalho por medo de represálias. Mas Felipe conseguiu convencer alguns amigos da importância de participar. Passaram a ficar de olho nas informações do Sindicato e a frequentar as assembleias. “Saía do trabalho, atravessava a cidade de metrô, ia para a assembleia”, relata com orgulho.

Um dia, antes de uma paralisação, Felipe informou-se sobre como ajudar na mobilização e no término da assembleia pegou material de greve, como cartazes e adesivos. “Todas as agências bancárias da região onde eu trabalhava fechavam, os trabalhadores entravam na mobilização, menos minha unidade. Mas um amigo, que nem bancário é, se ofereceu para me ajudar a colar cartazes e colocar uma faixa em frente à agência durante a madrugada. No dia seguinte bem cedo, estava lá a “decoração”. “Foi uma satisfação muito grande”, lembra.

“Ainda tenho muita coisa para conhecer. Preciso de formação política e sindical. Até penso em ser dirigente sindical um dia, por que não?” Por enquanto, Felipe investe na carreira dentro do banco e no respeito à categoria. Gosta muito do trabalho e faz o que pode para melhorar seu ambiente e dos colegas. “Não gosto de ver bancário sendo mal tratado nem pela diretoria do banco e nem por cliente. Lutar por essa causa já me satisfaz.”

O futuro – Em visita ao Sindicato para contar um pouco sobre sua história, Felipe aproveitou para pegar uma ficha de sindicalização para o irmão mais novo, bancário há bem pouco tempo, e colocar em prática mais uma ação com o desejo de fortalecer a categoria. E plantando mais uma semente, o trabalhador tem em mente que está fortalecendo os próximos anos de luta por conquistas e preservação de direitos. Esse sangue novo é a continuidade do trabalho de muita gente que ainda está na ativa, de muitos que já se foram, é o que move a luta da classe trabalhadora e da categoria bancária. Que venham novos bancários com a consciência de sua importância para construir outros 90 anos!


Redação - 21/5/2013

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