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Armas de fogo matam cinco pessoas por hora

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De acordo com o Mapa da Violência 2015, jovens e negros são as principais vítimas no Brasil
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São Paulo – 42.416 pessoas: esse é o número de vítimas fatais de disparos por arma de fogo no Brasil em 2012, média de cinco vidas perdidas por hora. Trata-se do maior número de mortes por arma de fogo desde 1980. Esta dura realidade afeta sobretudo jovens do sexo masculino e negros e foi apontada pelo estudo Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Arma de Fogo, divulgado na quinta-feira 14, em Brasília.

> Leia a íntegra Mapa da Violência 2015

Dentre as 42.416 pessoas vítimas de arma de fogo registradas em 2012, 24.882 eram jovens entre 16 e 29 anos. De acordo com o Mapa, anualmente morrem 258% mais pessoas dessa faixa etária do que das demais. O sexo também é outro fator preponderante para determinar o perfil da vítima fatal por disparo de arma de fogo no Brasil. Do total, 94% dessas vítimas eram do sexo masculino.

Quando faz o recorte racial dos números de 2012, o Mapa da Violência 2015 evidencia que o perfil da vítima “preferencial” de armas de fogo no Brasil não é definido somente pelo sexo e faixa etária, mas também pela cor da pele. Em 2012, 28.946 negros de qualquer faixa etária morreram atingidos por disparos de arma de fogo, contra 10.632 brancos. Os números revelam que no Brasil um negro possui 2,5 vezes mais chances de se tornar uma vítima fatal por disparo de arma de fogo do que um branco.

Se analisada a variação dos números entre 2003 e 2012, o Mapa da Violência 2015 revela ainda que a taxa de vítimas de homicídios por disparo de arma de fogo caiu entre a população branca e aumentou entre os negros. Nesse período, a taxa de vítimas brancas caiu de 14,5 para 11,8 em cada 100 mil, enquanto entre os negros subiu de 24,9 para 28,5.

Homem, jovem e negro – O sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência 2015, não tem dúvidas sobre qual o perfil da vítima fatal por disparo de arma de fogo no Brasil. Segundo ele, o predomínio de vítimas entre jovens negros está relacionado com a falta de políticas públicas de proteção para essa população.  “[A morte de jovens negros] está associada a várias coisas, à falta de políticas públicas de proteção da população, que são direcionadas àqueles setores mais ricos que são, majoritariamente, brancos. Ali tem mais policiamento, mais proteção, enquanto nos bairros das periferias urbanas não tem segurança pública nem privada. É um salve-se quem puder”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

“São jovens pobres, negros, das periferias urbanas, sujeitos ao arbítrio das polícias, das balas perdidas entre traficantes ou a eles mesmos, em uma das poucas alternativas de trabalho e ocupação que é o próprio tráfico de drogas. Há uma constelação de fatores que está levando a nossa juventude, a juventude negra, a ser material de consumo dessa chacina”, enfatiza o sociólogo.  

O Mapa da Violência 2015 é uma parceria entre a Secretária-geral da Presidência da República; Secretaria Nacional de Juventude (SNJ); Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir); Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil; e a Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO). A base de dados utilizada pelo estudo é o SIM (Subsistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, que registra as declarações de óbito expedidas em todo país.


Felipe Rousselet – 14/5/2015
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