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Professores em greve não terão desconto no salário

Linha fina
Justiça decidiu a favor dos trabalhadores, mas governo do estado já declarou que não irá negociar nem desistir de desconto nos salários
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São Paulo – Os professores do estado, em greve desde 13 de março, realizaram quinta 7 ato em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, na Praça da Sé, onde ocorreu audiência de conciliação da categoria com o governo. Na reunião, foi informada decisão a favor dos professores sentenciando que não sejam descontados dos salários os dias de paralisação. Diante da decisão, os valores já descontados desde o início desta semana terão de ser devolvidos aos professores.

> Vídeo: reportagem especial da TVB

“Vamos seguir em frente, temos que mostrar que o governador não pode impor sua vontade. O procurador do estado levou um susto, achava que íamos perder e logo respondeu que irão caçar a liminar, mas o Supremo Tribunal Federal já garantiu que temos o direito à greve”, afirmou Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidenta do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), durante o ato.

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, participou do protesto levando o apoio dos bancários à luta dos trabalhadores da educação. “Nós estamos do lado dos professores, todo mundo sabe da importância do professor, somos solidários a essa luta que é de todo brasileiro. Queremos educação pública de qualidade, é importante ter professor valorizado e não agredido”, disse, referindo-se ao ataque sofrido pelos professores do Paraná no dia 29 de abril.

Com mais de 200 feridos pela Polícia Militar paranaense, o ato foi lembrado pelos professores paulistas durante toda a tarde. O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, apontou que a violência promovida pelo governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), é sintoma da volta do conservadorismo que vem tomando conta do país. “A pauta atual do Congresso Nacional é voltada aos interesses dos patrões, é uma agenda retrógada, temos que reagir”, ressaltou, chamando os trabalhadores para a paralisação nacional do dia 29 de maio.

Reajuste – O governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), já havia declarado na manhã de quinta-feira 7 que não iria negociar com a categoria. Segundo Bebel o posicionamento continua o mesmo e não houve demonstração por parte dos representantes do estado, durante a audiência, em querer resolver a situação. “Nem a questão da superlotação das salas de aula querem negociar”, completou.

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A posição de Alckmin não surpreende os professores. “Dou aula há 16 anos e nunca conseguimos nada, tentamos lutar. Não ganhamos os R$ 4 mil de salário que o estado diz que ganhamos, é bem abaixo disso, nosso ganho real não chega a 20%, está muito defasado”, ressaltou a professora Ingra Adolfo, 38 anos. A categoria reivindica reajuste de 75,33% para equiparação salarial com outras categorias com ensino superior. “Eles fecharam cerca de 4 mil salas de aula e ainda temos que trabalhar com mais de 60 alunos na sala quando deveria ser no máximo 35”, contou Cesar Rodrigues, 34, professor há mais de 10 anos. Cesar comentou, também, que a alegação do governador de que os professores já receberam 45% de reajuste não condiz com a realidade.

Nesta sexta 8, os professores irão se reunir novamente em assembleia no vão livre do MASP, Avenida Paulista, às 14h.


Luana Arrais – 7/5/2015
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