Pular para o conteúdo principal

TJ nega tentativa de barrar dissídio dos professores

Linha fina
Ação foi do governo paulista, apesar de Geraldo Alckmin (PSDB) afirmar que não há greve da categoria
Imagem Destaque
São Paulo – O desembargador Francisco Casconi, relator do processo de dissídio coletivo envolvendo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), negou na quarta 20 um pedido de contestação formulado pelo governo paulista com objetivo de barrar a ação judicial, sob alegação de que a greve é ilegal e estaria prejudicando a população.

Enquanto os professores afirmam ter 50% da categoria paralisada, o governador já disse publicamente que não existe greve de professores. E a Secretaria da Educação tem informado que as faltas estão dentro dos parâmetros normais. Para o magistrado, portanto, não cabe argumentar sobre prejuízo na prestação do serviço público à população, porque a própria Secretaria da Educação “reconhece a adesão de menos de um décimo da categoria ao movimento paredista”.

O processo agora está pronto para ser julgado pelo Órgão Especial, composto por 25 desembargadores do Tribunal de Justiça, equivalente à segunda instância. Haverá sessão do colegiado é na quarta-feira 27, mas ainda não há confirmação de que o processo estará na pauta. Os magistrados reúnem-se a cada quinze dias.

Inédita - A ação de dissídio coletivo é a primeira da história a ser julgada pelos magistrados do TJ-SP e foi impetrada pela Apeoesp em 29 de abril. Houve uma audiência de conciliação entre sindicato e governo, mediada pelo vice-presidente do tribunal, desembargador Eros Piceli. Porém, ambos discordaram até da data-base da categoria: 1º de março para os professores; 1º de julho para o governo.

Após a audiência, o secretário estadual da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, descartou qualquer negociação com os docentes até julho e disse que o governo enfrenta dificuldades financeiras. “O estado está passando por uma queda de arrecadação. Não vamos apresentar qualquer proposta até saber como vai se comportar a arrecadação. Não podemos apresentar nada sem que a equipe econômica indique que não haverá problema”, afirmou Voorwald.

Os professores reivindicam reajuste de salário de 75,33%, para garantir a equiparação salarial com outras categorias profissionais que possuem o mesmo nível de formação, igualdade de direitos para os professores temporários – categoria 'O' –, que não têm seus direitos trabalhistas reconhecidos, e a reabertura de 3.390 salas de aulas fechadas no início do ano pela gestão Alckmin.

Ainda na quinta 21, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Francisco Falcão, reviu decisão do Órgão Especial do TJ-SP e manteve os descontos nos salários dos professores grevistas. O ministro concluiu que ficou configurada "a grave lesão à ordem e à economia públicas". Com isso, os descontos realizados no início de maio permanecem. Há professores que perderam 70% da remuneração mensal.

A categoria vai realizar nova assembleia nesta sexta-feira 22, a partir das 14h, no vão livre do Masp, para decidir sobre a continuidade da paralisação, iniciada em 13 de março.


Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual - 22/5/2015
seja socio