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Estudantes unificam luta e 'não estão de brincadeira'

Linha fina
Em protesto contra os cortes no orçamento da educação feitos pelo governo Alckmin e reivindicando investigação e punição da máfia da merenda, secundaristas pararam o centro de São Paulo
Imagem Destaque
São Paulo - "Queremos mostrar para o Estado que a gente não está de brincadeira. Aqui reivindicamos uma coisa digna e o governador tem que se ligar. Nos não negociamos, temos as pautas claras: queremos merenda", disse um estudante identificado apenas como João. Assim os estudantes concluíram a mobilização de terça 10 que marcou a união de secundaristas das escolas estaduais regulares e das escolas técnicas (Etecs), em torno de uma pauta comum: investigação e punição da máfia da merenda, oferta de alimentação de qualidade nas unidades escolares da rede pública estadual e fim dos cortes de verbas nas escolas administradas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

Os secundaristas também reivindicam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa paulista para investigar a máfia da merenda, esquema de superfaturamento contratos de fornecimento de alimentação nas escolas, na qual estaria envolvido o presidente da Casa, deputado Fernando Capez (PSDB). E que as escolas que não puderem dispor de refeitório ofereçam vale-refeição ou marmita. O ato contou com a participação de professores da rede estadual.

Para os protestos, o grupo saiu do Parque da Luz, na região central da capital paulista e passou pela sede do Centro Paula Souza, que administra as Etecs e ficou cinco dias ocupado na primeira semana de maio. Depois tomaram o sentido norte da Avenida Prestes Maia, passaram em frente ao Batalhão das Rota, onde protestaram contra a violência policial. Dali seguiram em passeata até a Etec Parque da Juventude, no Carandiru, zona norte da cidade. Com pouca presença policial, o ato seguiu sem incidentes de violência.

Vídeo: documentário Desobedientes sobre a ocupação do Centro Paula Souza

Mais cedo, um grupo de estudantes das Escolas Estaduais João XXIII, Emygdio de Barros e Virgília Rodrigues Alves de Carvalho travou a Rodovia Raposo Tavares. A PM reprimiu com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os estudantes se dirigiram em seguida para o ato no Parque da Luz.

Na semana anterior, os secundaristas ocuparam a Assembleia e a sede do Paula Souza. Na assembleia, após ameaça de multa de R$ 30 mil por ocupante por dia determinada pelo judiciário paulista, os estudantes deixaram o local. No Paula Souza eles foram expulsos pela Polícia Militar em ação de reintegração de posse.

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Após a saída, o governo Alckmin anunciou que até agosto vai regularizar a oferta de merenda, com a contratação de uma empresa para fornecer marmitex aos alunos que estudam em período integral.

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Até o início da tarde de terça 10 eram 18 Etecs ocupadas, além de quatro escolas estaduais e três diretorias de ensino. Na segunda 9, a Etec Geraldo José Rodrigues Alckmin, em Taubaté, no Vale do Paraíba, se tornou a primeira unidade do interior ocupada por estudantes.

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Rede Brasil Atual - 10/5/2016
(Atualizado às 16h05)
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