São Paulo – A ação truculenta do prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) na região conhecida como Cracolância, no centro de São Paulo, além de feridos e pessoas sem moradia resultou no pedido de afastamento da secretária de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. Patrícia Bezerra pediu afastamento na noite da quarta-feira 24. Vereadora pelo PSDB, ela voltará à Câmara Municipal.
Ela afirmou discordar da ação na Cracolândia e, em nota, informou a “decisão em caráter pessoal e irrevogável”.
No comunicado dirigido a Doria, Patrícia Bezerra afirmou ainda que “diante das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda de direitos humanos e ao atendimento humanizado à população mais vulnerável de São Paulo, deixo o cargo, mas nunca a convicção em uma cidade que garanta o respeito à pessoa humana”.
Em reunião com a entidade A Craco Resiste, Patrícia criticou também a repressão da gestão municipal com as pessoas. "Não concordo com a ação feita no último domingo 21. Foi desastrosa e nós (secretaria de Direitos Humanos) não temos como partilhar disso", afirmou.
A operação citada pela ex-secretária foi coordenada entre o prefeito e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que foi criticada pelo excesso de violência por parte da Polícia Militar, sob a justificativa de combater o tráfico de drogas, na qual dispersaram dependentes químicos com bombas de gás e balas de borracha.
Feriu a Constituição – Mais cedo, também na quarta-feira 24, a Defensoria Pública de São Paulo obteve liminar que proíbe o prefeito João Doria de continuar expulsando pessoas de suas casa na região da Cracolândia.
O tucano pretende desocupar dois quarteirões da região. As ações da gestão vêm sendo tomadas por meio de decretos administrativos, baseados no “interesse público”.
O mecanismo utilizado por Doria para remover as pessoas do local foi alvo de muitas críticas diante da crueldade e por não permitir qualquer planejamento por parte dos moradores. A decisão conquistada pela Defensoria impede as remoções sem que antes sejam oferecidas alternativas de moradia, atendimento médico e tempo para retirada de pertences e animais de estimação dos locais. Para o órgão, as remoções efetuadas sem ordem judicial ou que seja cumprido o devido processo legal ferem a Constituição Federal.
Na terça 23, a gestão de Doria derrubou um muro no local com moradores dentro do imóvel, ferindo três pessoas.