São Paulo – Em entrevista que antecedeu o ato político de 1º de maio organizado pelas centrais sindicais CUT, CTB e Intersindical, na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que as centrais sindicais irão nesta terça-feira 2 a Brasília conversar com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder de seu partido no Senado, e com a bancada da legenda na Casa, para discutir mudanças na reforma trabalhista. "Está claro que a opinião publica é contra essas reformas", afirmou.
Para Vagner, deputados e senadores têm a opção de ouvir a opinião pública, ou politicamente "morrer abraçados" com o governo federal. "O Temer não tem compromisso com a popularidade porque tem prazo de validade. Deputados e senadores que querem continuar em Brasília vão ter de ter o voto popular", completou.
Segundo o presidente da CUT, o ato de segunda foi uma continuidade da greve geral em todo o país, na sexta-feira 28. "Ficou claro que o Brasil é contra as reformas propostas pelo Temer. Pesquisas como Datafolha e Ibope confirmam o que disse a (pesquisa) Vox Populi/CUT: é o presidente mais impopular da história do Brasil. Não tem legitimidade, nem credibilidade. Ele não tem mais condições de ser o presidente", acrescentou, manifestando-se a favor de eleições diretas já para reformular o Congresso Nacional.
Sobre a continuidade da luta popular contra as reformas estruturantes propostas pelo governo, Vagner afirmou que, se for necessário, as centrais sindicais e os movimentos populares vão promover uma "ocupação de Brasília" ou uma nova greve geral.
Jogo duro – "Eu diria que Temer está com muito medo do Senado. O quadro vem se alterando", afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo, sobre a tramitação da reforma trabalhista, que teve substitutivo do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) aprovado pela Câmara na semana passada, em regime de urgência, e agora inicia sua tramitação pelo Senado.
"Aqui é o 1º de Maio dos 96% que não estão contentes com o governo Temer, que não querem a continuidade deste governo. Não é possível que um governo com 4% de apoio apresente reformas que afetam a vida de milhões de pessoas", afirmou o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, citando pesquisas eleitorais que expõem a impopularidade do atual governo e suas reformas que retiram direitos da população, além da crescente preferência por Lula em 2018.
"Demos uma grande demonstração de força, mas não podemos baixar a guarda", disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, referindo-se à grande adesão popular à greve geral do dia 28, que fortalece a luta contra as reformas estruturantes de Temer.
Ruídos – O ato foi realizado na Avenida Paulista, na esquina com a Rua Haddock Lobo. O presidente da CUT relatou que foi procurado pelo síndico de um prédio residencial em frente do qual foi estacionado o carro de som, afirmando que os moradores reclamavam do barulho.
Freitas solicitou ao trabalhador que respondesse aos moradores que a responsabilidade pelo desconforto não era dos sindicalistas, mas do prefeito João Doria (PSDB), já que a ideia original era realizar a manifestação em frente ao vão livre do Masp e que a organização do ato foi obrigada a mudar o local por determinação da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Doria chegou a acionar a Justiça para proibir o ato pelo Dia do Trabalho na Paulista – houve posteriormente um acordo, para que a manifestação política fosse realizada no local, seguida de passeata até a Praça da República na região central de São Paulo.