São Paulo – A manifestação em Brasilia, o Ocupa Brasília, toma as ruas da capital federal nesta quarta-feira e soma cerca de 150 mil trabalhadores, segundo os organizadores dos protestos. Na Câmara, onde participou de reuniões para discutir os preparativos do ato, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que não adianta tirar o presidente Michel Temer e convocar eleições indiretas. "Querem tirar um golpista e colocar outro para fazer a reforma trabalhista e da Previdência", denunciou em reportagem da Rede Brasil Atual.
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Segundo ele, o movimento não é apenas para pedir a saída de Temer, mas cobrar eleições diretas imediatamente. "Se fizer eleições indiretas, vai ter o 'Fora Maia', o 'Fora Cármen Lúcia', ou fora qualquer outro que não for eleito com o voto popular", disse Vagner, em entrevista coletiva com sindicalistas e integrantes de movimentos sociais, referindo-se aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), cotados como "presidenciáveis" em uma eleição restrita ao Congresso. "Credibilidade só se dá com eleição. Vamos ficar mobilizados até ter diretas já."
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Além da aprovação da eleições, o presidente da CUT disse que é preciso retirar as reformas em tramitação no Congresso. "É diretas já com a imediata retirada da pauta. Ou construiremos uma nova greve geral, as centrais e os movimentos organizarão uma greve maior que a do dia 28 (de abril)", afirmou.
Ele manifestou preocupação com possíveis ações da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal, que teria a pretensão de revistar individualmente os manifestantes. "Isso é uma atitude de provocação, que vai trazer conturbação", criticou, afirmando que já se montou um "aparelho de guerra" hoje, como se fosse "para defender o Congresso de um ataque militar inimigo".
Segurança – Reunidos na tarde da terça-feira 23, na sede da CNBB em Brasília, Vagner Freitas e o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pediram ao secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, que intercedesse junto às autoridades do governo do Distrito Federal e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado para que as forças policiais não usassem de violência contra os militantes.
Para Boulos, a ação policial ostensiva poderá criar um confronto desnecessário, "os movimentos estão vindo para lutar por seus direitos e pedir que a democracia prevaleça".
A preocupação de Freitas e Boulos se confirmou: logo nas primeiras horas da marcha policiais atacaram trabalhadores com bombas de efeito moral e spray de pimenta. Acompanhe o #OcupaBrasília minuto a minuto.
Lado a lado – Na reunião entre Freitas, Boulos e a CNBB, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz confirmou que irá se juntar à marcha para fortalecer a luta das centrais e movimentos sociais para pressionar o Congresso Nacional a retirar as reformas trabalhista e previdenciária de pauta, além de garantir eleições diretas para escolher o melhor projeto de governo ao país, comprometido após as denúncias contra Temer divulgadas na semana passada.
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