Dirigentes do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região realizaram nesta sexta-feira 27, no Radar, concentração bancária do Santander localizada em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, um grande protesto contra o processo de terceirização e demissões promovidas pelo banco espanhol.
Um dos setores mais afetados pela precarização das relações de trabalho implementada pelo Santander no Brasil são as áreas de atendimento alocadas no Bloco I do Radar. Desde o início do ano, já são cerca de 200 demissões, sem reposição do quadro de funcionários. Além disso, os relatos recebidos pelo Sindicato são fortes e evidenciam que o Santander irá terceirizar para a SX Negócios, empresa do próprio grupo Santander com uma de suas sedes em Sorocaba, toda ou boa parte da área de atendimento, que hoje já tem o controle das áreas de Contas Correntes e Negócios.
Durante o protesto no Radar, a entrada no prédio foi retardada, de forma com que os dirigentes do Sindicato pudessem dialogar com os trabalhadores sobre a precarização das relações de trabalho, demissões e o desrespeito por parte do Santander com os bancários brasileiros.
“A recepção dos trabalhadores do Radar ao nosso ato, bancários ou não, foi excelente. Os trabalhadores estão conscientes desta postura de absoluta falta de respeito do Santander no Brasil. Para nós, do Sindicato, trabalhou em banco, bancário é. A terceirização é uma forma do Santander, um banco que lucrou R$ 16,347 bilhões em 2021, reduzir suas despesas às custas dos direitos e da remuneração dos seus funcionários”, relata o dirigente do Sindicato e bancário do Santander, Roberto Paulino.
Roberto Paulino, dirigente do Sindicato e bancário do Santander
“Além disso, um banco, que opera como concessão pública e retira quase 30% do seu lucro global do Brasil, deveria ter o mínimo de responsabilidade social com o país. Isso significa gerar empregos decentes, e não precarizar relações de trabalho e demitir trabalhadores, contribuindo para aumentar o já enorme índice de desemprego. Cobramos do banco o fim das demissões, a realocação dos trabalhadores impactados e que interrompa o processo de terceirização”, acrescenta.
Terceirizar para cortar direitos e pagar menos
O processo implementado pelo Santander no Radar é semelhante ao imposto pelo banco no GD (Geração Digital), no qual a área de tecnologia foi terceirizada por meio da F1RST, empresa do grupo Santander, retirando os trabalhadores da categoria bancária, o que reduziu a remuneração e precarizou as relações de trabalho dos funcionários impactados.
Terceirizados não usufruem dos direitos clausulados na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários como, por exemplo, PLR, auxílio-creche/babá, licenças maternidade e paternidade ampliadas, dentre vários outros conquistados em décadas de luta.
“O Santander adotou essa estratégia nefasta de cortar custos terceirizando áreas com a transferência de bancários para empresas do seu próprio grupo. É importante lembrar que o Santander, para avançar na terceirização, se vale das reformas nas leis trabalhistas promovidas por Temer e agora pelo governo Bolsonaro. Portanto, para barrarmos a precarização das relações de trabalho e o achatamento da renda do trabalhador, além de nos mobilizarmos; de fazermos uma grande Campanha Nacional dos Bancários este ano, na defesa dos nossos direitos e por novas conquistas; é fundamental que em outubro sejam eleitos candidatos de fato comprometidos com os trabalhadores”, alerta a também dirigente do Sindicato e bancária do Santander, Ana Marta Lima.
Ana Marta Lima, dirigente do Sindicato e bancária do Santander
Terceirizar para desmobilizar
Além de cortar custos eliminando direitos e reduzindo a remuneração dos trabalhadores através da terceirização, o Santander também utiliza este meio para atacar a organização e mobilização dos bancários, que possuem uma CCT negociada nacionalmente e de forma unificada, com todos os bancos. Como terceirizados, fora da categoria bancária, os trabalhadores perdem esta representação sindical forte.
Negociação
O Sindicato se reunirá ainda nesta sexta-feira 27, às 18h, com o Santander.
“Esperamos que o banco não cancele e traga respostas sérias aos nossos questionamentos e cobranças. Os trabalhadores brasileiros merecem respeito”
Lucimara Malaquias, diretora executiva do Sindicato e coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE Santander)