O governo reúne nesta quinta-feira 4, pela primeira vez, o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS). Também conhecido por “Conselhão”, o colegiado marcou as gestões anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, e tinha sido extinto pelo então presidente Jair Bolsonaro.
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região é uma dos 246 membros do Conselho.
“É um momento muito importante para voltarmos a discutir os rumos do país. Nessa plenária está toda a sociedade civil. Todos os empresários, ONGs, sindicatos, e aqui nós vamos opinar sobre os rumos econômicos, e também sobre os rumos sociais do país. Ou seja, nós vamos também ter propostas para o País. Isso é muito importante. Isso é democracia. É realmente a sociedade participar do governo e desse momento tão importante em que nós estamos retomando a nossa democracia. E aqui o movimento sindical vai falar sobre a redução das taxas de juros. Isso é importantíssimo para nós, para o desenvolvimento. Também vamos falar que nós, trabalhadores, precisamos ter direitos trabalhistas, e que eles não sejam retirados. Ao contrário, sejam ampliados. Nós vamos ter grupos e fazer estudos para que o governo possa utilizar isso para os novos rumos do país”, afirmou Ivone Silva.
O CDESS é formado pelo Presidente e pelo vice-presidente da República, pelo Ministro de Estado da Secretaria de Relações Institucionais e por cidadãos brasileiros de reconhecida liderança e representatividade da sociedade civil como empresários, sindicalistas, integrantes de movimentos sociais, cientistas, médicos, artistas e influenciadores.
Os conselheiros e conselheiras do CDESS são cidadãos brasileiros, maiores de idade, de ilibada conduta, designados pelo Presidente da República para um período de até dois anos de atuação. A escolha busca ser representativa da diversidade territorial, étnico-racial e de gênero.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, em seu discurso na cermiônia, ressaltou a significativa presença de mulheres no órgão e a retomada do diálogo entre governo e sociedade. “A mulher é sub-representada nos poderes executivo, legislativo e judiciário, portanto essa presença aqui no Conselho é muito significativa”, afirmou.
Juvandia lembrou que o desemprego e o subemprego afetam mais as mulheres, como também as pessoas negras, para defender “a retomada do crescimento com o fim das desigualdades de gênero e de raça”. Para a dirigente sindical, “não podemos pensar no Brasil como uma nação com tantas desigualdades, como vivemos hoje”.
A reunião desta quinta-feira 4 deve se estender durante todo o dia no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Além de Lula e do vice, Geraldo Alckmin, participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Marina Silva (Meio Ambiente) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).
Em sua fala na cerimônia de abertura do CDESS, Lula deu bastante ênfase à questão da erradicação da fome e na redução da desigualdade social.
“Não tem explicação que a gente seja o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, o primeiro produtor de proteína animal do mundo, e tenha pessoas passando fome, pessoas comprando pé de frango, porque não podem comprar meio quilo de frango. Isso não é economicamente explicável, não é socialmente explicável. Isso demonstra o tipo de sociedade que nós somos (…) vamos tentar fazer o Brasil diferente uma vez na vida”, declarou Lula.
O CDESS é um órgão de assessoramento direto ao Presidente da República em todas as áreas de atuação do Poder Executivo, na formulação de políticas e diretrizes voltadas ao desenvolvimento econômico, social e sustentável do País.
“Nenhum governo, por mais competente que seja, é capaz de resolver os problemas de um país sozinho. Por isso, vocês acreditem, eu estou botando muita expectativa, muita esperança no mundo que vocês podem criar a partir das discussões aqui (…) A quem considere um defeito a composição heterogênea deste conselho, quando, ao contrário, esta é justamente a sua principal virtude: diálogo entre os diferentes. A união de todos e todas em um esforço comum pela reconstrução do Brasil. Esse esforço democrático há de gerar muitos frutos ao longo dos próximos anos. Mas esses frutos já estão sendo colhidos agora nesta plenária. Chama-se civilidade e diálogo democrático”, declarou o presidente.