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Homicídios são quase metade das mortes de jovens

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Mapa da Violência deste ano aponta mais de 3,7 mil mortes entre pessoas com 16 e 17 anos em 2013, com tendência de piora para 2015
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Brasília - Dados do Mapa da Violência 2015 mostram que os homicídios representaram em 2013 quase metade - 46% - das causas de morte entre adolescentes entre 16 e 17 anos. O estudo do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz revela que naquele ano foram 3.749 de um total de 8.153. A projeção para esse ano é de é 3.816.

> Leia a íntegra do Mapa da Violência 2015

O Mapa, divulgado na segunda 29, mostra também que 93% das vítimas são homens. Homens negros morrem três vezes mais que os brancos, e as vítimas com baixa escolaridade também são maioria. Além disso, a arma de fogo foi usada em 81,9% dos homicídios de adolescentes de 16 anos e em 84,1% dos homicídios na faixa de 17 anos.

A região Nordeste apresentou os maiores índices de violência, com 73,3 jovens mortos a cada 100 mil. A média do Centro-Oeste também é alta, de 65,3, comparada à média nacional, de 54,1, sempre em 2013.

Há ligeira mudança de perfil quando se fala nos estados mais violentos para jovens de 16 e 17 anos. “Alagoas, Espírito Santo e Ceará lideram o ranking de mortalidade de pessoas de 16 e 17 anos. Em contrapartida, as menores taxas são encontradas no Tocantins, em Santa Catarina e São Paulo. Ainda assim, são consideradas elevadas, pois ultrapassam o patamar epidêmico de 10 homicídios por 100 mil”, descreve o documento.

15 a 19 anos - O Mapa da Violência mostra ainda que em um universo de 85 países, o Brasil ocupa a terceira posição em relação à taxa entre 15 e 19 anos. São 54,9 mortes a cada 100 mil. O segundo colocado, El Salvador, apresenta taxa ligeiramente maior, com 55,8. Já no México, primeiro colocado, são 95,6 mortes por 100 mil.

“A taxa brasileira é 275 vezes maior do que a de países como Áustria, Japão, Reino Unido ou Bélgica, que apresentam índices de 0,2 homicídios por 100 mil, ou 183 vezes maior que as taxas da Coreia do Sul, da Alemanha ou do Egito”, aponta a pesquisa.

CPI - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Assassinato de Jovens, no Senado, debateu na mesma segunda 29 os números apresentados, ouvindo Julio Jacobo Waiselfisz. “É impressionante que metade dos nossos jovens morram por causa de homicídios”.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares acha que os dados mostram que a discussão sobre redução da maioridade penal no Brasil está na contramão do que precisa ser feito. Na opinião dele, os jovens pobres e negros sofrem uma invisibilidade na sociedade e buscam a violência como forma de se autoafirmar e chamar a atenção.

A resposta da sociedade, para Soares, deve ser a de oferecer aos jovens os mesmos benefícios e vantagens dos grupos criminosos, porém no sentido inverso, positivo e construtivo. Isso deve ser feito trabalhando pelo acolhimento desde a primeira infância, depois controlando a evasão escolar e oferecendo oportunidades reais para os jovens alcançarem oportunidades de emprego e remuneração.

Tanto Jacobo quanto Soares se posicionaram contra a redução da maioridade penal para solucionar o problema de violência enfrentado no país. “O encarceramento não é solução de problema nenhum, na verdade ele é o problema que nós temos que enfrentar”, afirmou o sociólogo.
 
 
Marcelo Brandão e Mariana Jungmann, da Agência Brasil, com edição da Redação - 30/6/2015
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