São Paulo - Praticamente todas as últimas 393 unidades próprias do programa Farmácia Popular deverão estar fechadas em até dois meses pelo Governo Temer. O cronograma, segundo matéria da Rede Brasil Atual, foi divulgado pelo Ministério da Saúde na segunda 6. Entidades dizem que medida dificulta acesso da população mais pobre a medicamentos
A explicação dada pelo governo é que o montante economizado com o fim da administração das unidades próprias - cerca de R$ 100 milhões por ano – será enviado para que estados e municípios comprem os medicamentos, sem prejuízos para a população, pois também seria mantida a variante do programa Aqui Tem Farmácia Popular, que se utiliza de redes de farmácias privadas conveniadas.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) já se posicionou contra a extinção quando, em maio, recomendou que não fosse efetivado "qualquer processo de desestruturação do Programa Farmácia Popular, em especial da modalidade rede própria". Para a entidade, a medida tem como finalidade diminuir a participação do sistema público e privilegia os interesses privados. A decisão, ainda segundo o CNS, atinge especialmente populações carentes e quem vive em áreas afastadas, onde não há unidades privadas.
Hugo Fanton, integrante da União dos Movimentos Populares de Saúde (UMPS), também critica a medida, afirmando ser mais um retrocesso do governo Temer. "A tendência é piorar ainda mais o acesso aos medicamentos".
Quase 40 milhões de brasileiros - Lançado em 2004, durante o primeiro governo Lula, o programa garantia a distribuição gratuita ou com até 90% de desconto de 112 medicamentos de uso contínuo para doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e anemia. Até 2014, quando o programa completou 10 anos, mais de 38 milhões de brasileiros haviam sido beneficiados, segundo dados do próprio ministério. A rede própria já vinha sendo reduzida.