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Chapéu
Violência

Racismo é tema de seminários em universidades

Linha fina
Debates realizados na USP e na UFABC apontaram a falta de ação do Estado em serviços básicos como fatores da desigualdade
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São Paulo – A violência contra o negro foi pauta de debate em dois seminários organizados em universidades públicas. Um foi na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, e o outro na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo.

"O racismo abre a porta para muitas vulnerabilidades. Junto disso, um país controlado por velhos não produz políticas adequadas para a juventude e nenhuma política adequada para a juventude negra. São meninos, que estão expostos à pobreza, em comunidades habitadas pelo tráfico de drogas, de armas, expostos a muitas violências e nenhuma segurança pública", diz Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional, que participou do debate na USP, segundo matéria da Rede Brasil Atual.

Já na UFABC, a professora Lívia de Tomamasi chamou de "criminalizador" a maneira como o estado olha para a periferia. "Não é que não tem (ação do Estado). Na periferia, tem muito mais polícia circulando, reprimindo. Os jovens têm constantemente controlado o seu vaivém. O problema é o tipo. Deveria ter mais, com mais recursos, nesse sentido, de criar mais equipamentos, oportunidades de esporte, lazer, acesso à formação, e tudo o mais. Não diria nem mais. Se se fizesse o mesmo que se faz no centro...".

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou no início de junho, por meio do Atlas da Violência 2017, que são negras 71% das vítimas de assassinato no país e que o negro tem 23,5% mais possibilidades de ser assassinado.

"Com desemprego, com desigualdade social, se tem um grupo de pessoas que são descartáveis. Por toda a história da escravidão e da exclusão, os negros são os mais 'matáveis'", diz a pesquisadora Marisa Fefferman. "Chegamos ao genocídio quando se tem menos acesso a oportunidades, em educação, no trabalho e moradia. Essa conta de subtração não dá outro resultado senão o genocídio”, concorda a advogada Valdênia Paulino. 

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