"Todo dia temos que marcar um arquivo com a hora e minutos. Tá uma maravilha! Tipo fábrica de carro, de sapato. O arquivo onde guardamos o serviço do dia chama Fábrica. Se você não atingir a jornada, os caras te chamam pra perguntar. Falam que demoramos pra fazer cada conta. E os gestores monitoram todos os dias. Verdadeiro mapa do inferno!". Esse relato, uma denúncia recebida pelo Sindicato, exemplifica o tipo de controle abusivo ao qual os trabalhadores da Manufatura, departamento de back office do banco espanhol alocado no Casa 1, estão submetidos.
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“Esse tipo de controle, abusivo e assediador, leva os bancários a um nível de estresse altíssimo, o que pode levar ao adoecimento. Além disso, o Santander usa esse rígido controle para justificar demissões. E sabemos que os trabalhadores demitidos nunca são repostos em igual número, o que aumenta a sobrecarga de trabalho. E, quando são repostos, o Santander lucra pagando salários bem menores para os que ingressam no banco”, critica o dirigente do Sindicato e bancário do Santander, Roberto Paulino.
De 2015 para 2017, o número de contas por bancário do Santander subiu de 670 para 828, uma elevação de 23,58%. Em 2018, somente na base do Sindicato, o banco espanhol demitiu em média 100 funcionários por mês.
“O Santander maximiza seus lucros com uma política de gestão baseada em controle abusivo sobre funcionários, sobrecarga de trabalho, demissões e ganhos com a rotatividade. Se a exploração sem limites dos seus funcionários funciona como fermento para o lucro do banco - que nos primeiros três meses do ano chegou a R$ 2,85 bilhões, crescimento de 25,4% em relação ao mesmo período do ano passado – para os clientes é a receita do desastre. No primeiro trimestre de 2018, o Santander foi o segundo banco com maior número de reclamações consideradas procedentes pelo Banco Central”, avalia o dirigente.
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A também dirigente do Sindicato e bancária do Santander Silmara da Silva lembra ainda que, em meio ao cenário de demissões e sobrecarga de trabalho, o Santander implantou uma pesquisa de satisfação do atendimento dos caixas, realizada com clientes. “O bancário que recebe avaliação negativa é punido com advertência. Punido não pela falta de qualidade do seu trabalho, mas por uma política de gestão do banco, que demite e sobrecarrega funcionários.”
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Para Silmara, o Casa 1 é exemplo da falta de transparência do banco quanto aos critérios para demitir trabalhadores.
"No Casa 1, tivemos a demissão de PCD e de bancários com avaliação 4 em junho. É um absurdo! O gestor foi questionado e informou que a ordem veio de cima. Então, quais seriam os critérios do Santander – um banco que com apenas o que arrecada com tarifas cobre 171,7% do total das suas despesas com pessoal – para demitir?”, questiona.
“O Santander não fornece informações, por exemplo, sobre quem são os trabalhadores PCDs, onde estão alocados, se a cota legal é respeitada", acrescenta.
> Hora de acabar com as demissões no Santander!
Se para clientes e bancários do Santander a situação não é nada confortável, os diretores executivos do banco espanhol não têm do que reclamar. Em 2015, quando o banco lucrou R$ 6,6 bilhões, cada um dos 42 diretores recebeu R$ 2,5 milhões. Em 2017, 44 diretores ganharam R$ 7,2 milhões, um aumento de 188%. Os dados são da Comissão de Valores Mobiliários. “São esses diretores, que ganham milhões, que exercem uma pressão absurda sobre os funcionários”, enfatiza Paulino.
“Essa é a gestão Sérgio Rial. Sobram demissões, sobra sobrecarga de trabalho, sobra controle abusivo e faltam respeito, critérios, condições de trabalho e transparência. Esse ano, já realizamos diversos protestos contra as demissões no banco. Estamos em vias de mais uma Campanha Nacional Unificada dos Bancários e, junto com o movimento sindical, os funcionários brasileiros do Santander – responsáveis pelo maior lucro do banco em todo o mundo – vão cobrar o fim dos cortes e respeito com os trabalhadores. Juntos somos mais. Todos por direitos”, conclui Silmara.
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