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Chapéu
Eleições 2018

Centrais aprovam pauta, marcam protesto e apontam criminalização

Linha fina
Contra os retrocessos do governo golpista de Temer e pelo direito do ex-presidente Lula concorrer nas eleições de outubro, entidades farão ato nacional em 10 de agosto
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Foto: Roberto Parizotti/CUT

No mesmo evento em que lançaram a "agenda prioritária" que será apresentada aos candidatos à Presidência da República e ao Congresso, as centrais sindicais criticaram o que consideram "criminalização" do movimento e também defenderam o direito de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participar das eleições de outubro. A reportagem é da Rede Brasil Atual.

"Os golpistas não têm um projeto nacional de desenvolvimento. Mais que golpistas, são entreguistas", afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, ao final do encontro, na quarta-feira 6, no Sindicato dos Químicos de São Paulo.

O evento reuniu dirigentes e militantes de sete centrais, que aprovaram um dia nacional de luta para 10 de agosto. Na ocasião, um documento com 22 itens foi lido e aclamado pelo plenário.

"Desde 2004, as centrais sindicais constroem um conjunto de ações. Junto com as marchas, nós construímos propostas", disse o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, que coordenou as discussões.

O objetivo, lembrou, é "fazer o debate público e influenciar o processo eleitoral". Confira aqui a íntegra do documento.

Além disso, os sindicalistas querem fazer o contraponto com medidas "que fragilizam a proteção do trabalho", conforme definiu Clemente. Entre as propostas, eles defendem a revogação de medidas do governo Temer, aprovadas por sua base aliada no Congresso Nacional: as leis 13.467 ("reforma" trabalhista) e 13.429 (terceirização) e da Emenda Constitucional 95, que limita gastos públicos durante 20 anos, prejudicando áreas essenciais para a população como saúde e educação.

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"As eleições de 2018 são uma oportunidade para recolocar o país em outra trajetória de desenvolvimento econômico, social e ambiental", afirmam as centrais no manifesto que abre o documento, assinado por CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e UGT.

Foram várias as manifestações pela libertação do ex-presidente, preso na Polícia Federal de Curitiba desde 7 de abril. "Lula livre significa o antídoto que nós temos à espoliação que estamos sofrendo", disse Vagner Freitas. "Ele só está preso porque é candidato a presidente da República."

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, que assumiu o cargo na terça-feira 5, interinamente, Lula foi submetido a um "rito sumaríssimo", enquanto outros políticos levaram anos para serem julgados. "Nós temos de defender que Lula seja candidato. Os empresários defendem a livre concorrência, mas na política é reserva de mercado para o grande capital."

O dirigente também fez referência a uma operação da Polícia Federal sobre supostas irregularidades no registro de entidades sindicais, afirmando que as sedes da Força e da UGT foram "invadidas" por agentes em uma tentativa de  criminalização do movimento sindical. "Temos de resgatar e defender a democracia."

Intimidação

O presidente da CUT manifestou solidariedade às duas centrais, que segundo ele, sofreram uma "violência" como parte de um processo de "judicialização da política". Citou nominalmente o presidente da UGT, Ricardo Patah, envolvido nas investigações, lamentando a "exposição pública" do dirigente. "É um ataque ao movimento sindical, uma tentativa de intimidação", afirmou.

Patah não foi ao evento – a UGT foi representada pelo secretário-geral, Francisco Canindé Pegado, que pediu unidade entre as centrais e afirmou que o país não vive uma democracia. "O bem-estar social deveria estar disponível para todos, mas é só para alguns. Não posso dizer que é um país democrático."

"Estamos diante de uma tragédia. Política, econômica e social", afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo, para quem houve uma "ruptura democrática" no Brasil, inaugurando um período de agenda ultraliberal, que precisa ser combatida. "Nós lutamos pela liberdade do presidente Lula. Mas nós, centrais sindicais, esquerda, temos a responsabilidade de nos unir. Não basta Lula se não formos capazes de alterar a correlação de forças no Congresso", argumentou.

O evento no Sindicato dos Químicos, no bairro da Liberdade, região central de São Paulo, teve também uma mesa paritária entre sindicalistas homens e mulheres. "Estamos caminhando para a paridade de verdade", disse a secretária de Políticas para a Mulher da Força, Maria Auxiliadora dos Santos. Para a secretária-adjunta de Combate ao Racismo da CUT, Rosana Fernandes, as mulheres ainda ocupam postos de trabalho menos qualificados, com o preconceito atingindo principalmente negros e negras da periferia.

Durante o ato, foi feita uma homenagem ao jornalista Audálio Dantas.

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