O Brasil bateu recorde de assassinatos de acordo com edição deste ano do Atlas da Violência, divulgado na quarta-feira 4. Foram 65,6 mil homicídios em 2017, a primeira vez que o país atinge a taxa de 31,6 mortes violentas por 100 mil habitantes. O levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela que a maior incidência de vítimas está entre os homens negros, da periferia, de 15 a 29 anos, que não completaram o ensino médio.
“Isso envolve de forma significativa a morte da nossa juventude, que está encolhendo porque estamos em um processo de envelhecimento populacional”, observa o pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira, na reportagem de Carmen Célia do Seu Jornal, da TVT. O Atlas da Violência também alerta para o aumento da letalidade contra as mulheres e a população LGBTI, sendo que, no caso das mulheres, a maior incidência das mortes violentas é dentro das residências, associando-se ao crime de feminicídio, passando de uma taxa de 3,9, nos últimos anos, para 4,7 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Mulheres negras representam 66% das mortes. A reportagem é da RBA.
Um outro dado da pesquisa aponta ainda que nas regiões onde o Estatuto do Desarmamento está mais consolidado, com políticas públicas e programas de atendimento às populações em situação de risco, houve redução nos índices de mortes violentas, caso dos estados do Sudeste e Centro-Oeste. Já nas regiões Norte e Nordeste, o aumento dos crimes foi acima de 10% em comparação ao último anuário. Mas, no geral, o número de assassinatos por arma de fogo chegou ao patamar inédito de 47,5 mil. O que para os coordenadores do Atlas da Violência indica que a flexibilização da compra e do porte de armas deve agravar o quadro da violência.
Isso porque, segundo a série histórica, 14 anos antes da promulgação do estatuto, em 2003, a taxa de homicídios por armas de fogo crescia em média 5,44% ao ano, enquanto nos 14 anos posteriores à publicação da lei, o crescimento foi de 0,85% anuais. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, na edição desta quinta-feira 6, o coordenador de projetos do FBSP, David Marques, avaliou que, embora as regras sobre posse e porte de armas não tenham conseguido reduzir o número de homicídios, o estatuto conseguiu impedir que as taxas de mortes violentas crescessem ainda mais.
“O que traz muita preocupação quando, a partir de agora, nós poderemos ter um número muito maior de armas de fogo na residência. Cada uma delas é um fator de risco para acontecimento de uma morte violenta, seja ela intencional, como o feminicídio; auto-infligida, como o suicídio, ou acidental”, alerta Marques à jornalista Marilu Cabañas.
Assista à reportagem da TVT